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Conferência organizada pela rede Gaia apresenta modelos de redução de resíduos sólidos de diversos países

15/04/2013

A Gaia (Aliança Global por Alternativas à Incineração), apoiada pela Fundação Rockfeller, promoveu de 25 a 29 de março, a conferência “Toward Sustainable Cities and Communities: Zero Waste Centers of Excellence”(Em Direção às Cidades e Comunidades Sustentáveis: Centros de Excelência para o Desperdício Zero), em Bellagio, na Itália.

Participaram do evento gestores públicos dos Estados Unidos, da província basca de Gipuzkoa, da Espanha, do Chile e da Índia, ONGs da China, do Chile, do Brasil, do Egito, da Bulgária e da Índia, instituições de pesquisa da Holanda e do Canadá e associações de catadores da Colômbia e do Egito.

A iniciativa primou pela construção de propostas alternativas à incineração de resíduos e a favor do desperdício zero. Foram abordadas aprendizagens de diferentes cidades e comunidades dos países participantes, que desenvolveram importantes modelos de trabalho.

Outro objetivo do encontro era identificar os passos necessários para se estabelecer uma rede de profissionais e provedores de assistência técnica para a aplicação de sistemas inclusivos de desperdício zero, como um aspecto chave das economias locais e para o uso de tecnologias ecologicamente racionais e socialmente justas.

A coordenadora de Resíduos Sólidos do Instituto Pólis, Elisabeth Grimberg, levou para o encontro algumas estratégias de atuação do Pólis, apresentou projetos e exemplos de intervenção bem como lições aprendidas. Em especial, apresentou como está sendo tratada a questão dos resíduos sólidos no projeto Litoral Sustentável – Desenvolvimento com Inclusão Social.

“O evento foi muito rico. Trocamos experiências sobre os desafios que vão desde a recuperação dos resíduos secos recicláveis [papel, papelão, metais, vidros e plástico)] com a integração dos catadores, às tecnologias e modelos de gestão para a melhoria do pós-consumo”, diz Elisabeth Grimberg.

Sobre reciclagem, se destacam as experiências do Egito (CID Consulting) e da Colômbia (Arb – Asociacion Cooperativa de Recicladores de Bogota). Já sobre a destinação de resíduos foram apresentados projetos desenvolvidos pelo governo de São Francisco, na Califórnia, que produz biogás a partir da recuperação da fração úmida de resíduos (sobras de alimento por sistemas de biodigestão),  e do município de La Pintana, no Chile, que tem bons trabalhos de compostagem.

“Além disso, também foram levados estudos do instituto de pesquisa canadense Clean Production Action, que apresentou informações muito importantes sobre a questão da toxidade dos materiais e produtos que manipulamos cotidianamente, em especial o plástico”, conta Grimberg.

Ela também menciona a riqueza das experiências de coleta seletiva e educação ambiental de comunidades da Índia e da Bulgária e a discussão levada pelo instituto de pesquisa Cradle to Cradle, da Holanda, sobre a importância dos produtos da natureza serem manipulados de modo que haja o menor impacto possível no meio ambiente. “ O objetivo da instituição é garantir que o ciclo de vida dos produtos da natureza não tenha como resultado final a produção de um resíduo, mas uma matéria-prima a ser reutilizada”, diz a coordenadora do Pólis.

Entre os destaques, Grimberg menciona as informações levadas pela representante da Nature University, da China. “Foi muito marcante a conversa que tivemos sobre o impacto do uso de incineradores na China. Vimos uma série de fotografias de campos extensos de cinzas jogadas a céu aberto.”

Segundo Grimberg, esse intercâmbio terá como um dos desdobramentos a possibilidade de se realizar visitas técnicas aos locais abordados e a permanência dos diálogos entre países. “Vamos poder nos comunicar também virtualmente para alimentarmos e revigorarmos a atuação nos nossos locais de trabalho.”

O evento foi estruturado pela coordenação da rede Gaia que, segundo a coordenadora do Pólis,  “construiu uma metodologia que garantiu a alta produtividade e resultados de excelência”.

 

Gaia

O objetivo da Gaia é assegurar a recuperação de recursos naturais e proteger os recursos naturais escassos, acabando com a eliminação de resíduos que acontecem por meio da incineração, de lixões e de aterros sanitários.

O projeto da rede encampa a redução do lixo, a compostagem, a reciclagem e a reutilização, a mudança nos hábitos de consumo e o redenho das indústrias.

E considera o desperdício zero uma revolução na relação das pessoas com os resíduos sólidos. “É um novo jeito de pensar que se preocupa com a saúde de todos aqueles que produzem, vendem, trabalham com os resíduos e são afetados por eles. Em resumo, todos nós”, explica a instituição.

O órgão produziu estudos de caso de desperdício zero em várias comunidades, relacionados na publicação “On the Road to Zero Waste: Sucesses and Lessons from Around the World”. 

Leia mais em www.no-burn.org