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Pólis apresenta resultados da pesquisa Dimensões de Gênero no Manejo de Resíduos

28/06/2011

Realizou-se entre 20 e 22 de junho de 2011 em Lima (Peru) a Oficina de apresentação e debate da 3ª etapa da pesquisa Dimensões de Gênero no Manejo de Resíduos Sólidos Domésticos em Cidades da América Latina.

A pesquisa é coordenada pelo DESCO, Ong peruana, e apoiada pelo IDRC (International Development Research Centre), e tem por objetivo apontar soluções para a superação das desigualdades de gênero no contexto do trabalho de recuperação de resíduos desenvolvido por catadoras e catadores, tendo como base as cidades de Lima, São Paulo, Montevideu e Cochabamba. Participam do projeto o Instituto PÓLIS e a SOF (Brasil), o CIEDUR (Uruguai), e o CESU (Bolívia).

As principais conclusões desse projeto foram apresentadas no Foro Gestión Municipal de Residuos Sólidos con Inclusión de las y los Recicladores (Catadores): experiencias internacionales, no dia 21 de junho, no Salão dos Espelhos na Prefeitura de Lima, com a presença da prefeita Susana Villarán De La Puente.

Leia a seguir o depoimento de Elisabeth Grimberg, responsável pela análise das dimensões de gênero no manejo de resíduos sólidos em Sao Paulo:

A pesquisa revela que são as mulheres catadoras que desenvolvem predominantemente a classificação dos materiais recicláveis. Esse trabalho revela-se como uma etapa central do processo de recuperação de resíduos, dadas as exigências do mercado de reciclagem, ou seja, pode ser considerado como uma qualificação.

Além disso, as mulheres são as que praticam com maior intensidade e cuidado o trabalho de educação ambiental, que garante que a população separe seus materiais adequadamente, reduzindo a parcela de rejeitos nas cooperativas e associações de catadores.

Entre outras descobertas tem-se também a continuidade do trabalho de recuperação de resíduos em períodos de crise como foi o caso entre 2008-2009, em que os preços pagos pelos recicláveis sofreram grande queda.

É importante para a cidade que as organizações de catadores se mantenham atuando, mesmo que ainda que não estejam sendo remuneradas por esse trabalho, garantindo a sustentabilidade dessa atividade.

São muitos os desafios em termos de políticas públicas que tragam melhores condições de trabalho e qualidade de vida para as catadoras, tais como o desenvolvimento de um programa que contemple o conjunto da categoria e garanta equipamentos (caminhão, prensa, balança, EPIs etc) e remuneração pelo trabalho prestado à cidade, assim como serviços de creches, saúde, previdência social, além de políticas de habitação, e de proteção contra a violência que sofrem as mulheres.

Elisabeth Grimberg é coordenadora da Área de Resíduos Sólidos do Instituto Pólis