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conheça as propostas da campanha são paulo composta, cultiva para o plano de metas
11/03/2021O atual prefeito de São Paulo se comprometeu com a reciclagem de resíduos orgânicos da cidade e assinou a Carta Compromisso da Campanha São Paulo Composta, Cultiva. Mas e agora? Quais devem ser as prioridades de próximo governo para avançar em uma economia circular, verde e inclusiva para os resíduos orgânicos na cidade? Como efetuar a reciclagem dos resíduos para uma agricultura local e agroecológica?
O Programa de Metas deve trazer respostas a essas perguntas até 30 de março de 2021. A partir dessa data a sociedade paulistana será convidada a participar das 32 audiências públicas que serão realizadas nas respectivas subprefeituras.
Conheça as propostas da nossa Campanha a seguir:
Metas estratégicas
- Desenvolver capacidade instalada para reciclagem de 10% dos resíduos orgânicos urbanos da cidade de São Paulo (ou, no mínimo, 600 ton/dia), priorizando a compostagem.
- Estruturar o Programa Municipal de Agricultura Urbana e Periurbana (PROAURP), considerando a implantação de, pelo menos, 50 novas hortas para garantia da segurança alimentar e nutricional e combate à fome, priorizando áreas de vulnerabilidade social.
Metas complementares
- Ampliar o Projeto Feiras Livres e Jardins Sustentáveis para 100% de todas as feiras livres, mercados públicos, sacolões e dos serviços de poda urbana e jardinagem.
- Instalar unidades de compostagem e digestão anaeróbia em grande escala em áreas de aterros ativos ou desativados, em centrais de processamento eficientes, mecanizada e/ou artesanal, com controle sistemático de qualidade do composto orgânico.
- Criar programa específico para assistência técnica e capacitação para compostagem Comunitária, voltado a cooperativas de catadores e a grupos específicos.
- Ampliar o Projeto de Compostagem Doméstica (“ in situ ”), com cessão de pelo menos 8.000 composteiras por comodato ou outra alternativa.
- Implantar projeto de compostagem inicialmente em 20% das escolas municipais de São Paulo, integradas às ações de hortas escolares previstas no Projeto Político Pedagógico das escolas.
- Criar programa de distribuição de composto para hortas comunitárias e agricultores/as.
- Construir uma base de dados consolidada para monitoramento da geração e destinação de resíduos orgânicos em São Paulo, disponibilizada no ObservaSampa e nos Dados Abertos da Prefeitura Municipal.
- Lançar pelo menos 2 editais do Fundo Especial de Meio Ambiente (FEMA) para a promoção da agroecologia, compostagem e da educação ambiental voltada à agricultura, hortas urbanas.
- Implantar o Programa Escola Estufa Lucy Montoro em 20 Subprefeituras, conforme levantamento já realizado, promovendo ações de segurança alimentar e nutricional, educação ambiental e agroecologia.
- Ampliar a assistência técnica e extensão rural para 200 agricultores/as do município.
- O primeiro passo é a implantação na cidade de um sistema de coleta seletiva em 3 tipos. Esse sistema garante que os orgânicos compostáveis não sejam misturados com os rejeitos, mantendo sua qualidade para transformação em adubo.
Além disto, este modelo aumenta a taxa de coleta dos resíduos, o que o torna melhor do que sistemas de coleta com um número maior de separações (vidro, papel, plástico etc). Depois, os orgânicos compostáveis vão para compostagem e/ou biodigestão anaeróbia, os recicláveis secos vão para cooperativas que irão encaminhar para a reciclagem, e os rejeitos para aterros sanitários.
Para garantir a reciclagem dos orgânicos, por meio da compostagem e biodigestão anaeróbia, é necessário implantar unidades de larga escala para destinar os resíduos da coleta seletiva domiciliar, de restaurantes, mercados, shoppings e outros geradores. Isso será possível utilizando áreas ocupadas hoje pelos aterros sanitários e também nos aterros desativados, bem como revisar a concessão no ano de 2024 para que incluia metas de reciclagem em vez de priorizar o aterro sanitário.
Mas para que este sistema funcione é necessário um trabalho de sensibilização da população para que haja comprometimento na separação do resíduo, e também em outras formas de compostagem. Programas escolares e projetos de compostagem doméstica e comunitárias são fundamentais para gerar engajamento da população, tornar a compostagem uma prática diária, reduzir custos de coleta e transporte, e também para a criação de espaços de educação ambiental.
Esses são passos importantes para São Paulo avançar na economia circular dos resíduos orgânicos! No entanto, também são necessárias ações para garantir o efetivo uso de todos esse composto orgânico na produção local e agroecológica de alimentos.
Para onde levaremos tanto composto orgânico?
Cerca de ⅓ do município de São Paulo é área rural, segundo o Plano Diretor, com mais de 500 unidades de produção agrícola no município, pelo levantamento do Projeto Ligue os Pontos. Além disso, o cinturão verde da Região Metropolitana é o maior produtor nacional de legumes, verduras e tubérculos. Logo, precisamos de políticas não só para efetivar a destinação deste composto para a agricultura local, mas fortalecer e apoiar um modelo de produção agroecológico!
O município já possui ferramentas como o Programa Municipal de Agricultura Urbana e Periurbana (PROAURP) e o Plano Municipal de Agroecologia e Desenvolvimento Rural Solidário e Sustentável que precisam ser efetivados. Para tanto, a expansão e fortalecimento da assistência técnica e extensão rural é essencial, junto à continuidade das atividades do Projeto Ligue os Pontos e expansão das ações para as zonas leste, norte e oeste do município.
O investimento e fortalecimento dos agricultores também podem e devem ocorrer por meio de destinação de recursos, como o pagamento por serviços ambientais (PSA) e a garantia da execução da lei municipal que prevê a inserção gradativa de alimentos orgânicos na alimentação escolar. Ações como estas garantirão o fechamento do ciclo para uma economia circular e solidária dos resíduos orgânicos na cidade, porém temos que seguir pressionando a gestão municipal para que essas ações sejam efetivadas.
Conheça a Campanha São Paulo Composta, Cultiva
A Campanha São Paulo Composta, Cultiva é formada por 54 ONGs, redes e empresas da sociedade civil. Juntas, queremos aumentar o comprometimento da Prefeitura e da Câmara de Vereadores de São Paulo com as políticas públicas para a reciclagem dos resíduos orgânicos, como sobras de alimentos e de poda.
O projeto também prevê ações para o desenvolvimento da agricultura no município, valorizando a atividade e possibilitando a transição agroecológica e o desenvolvimento da economia circular verde e inclusiva. Saiba mais aqui.