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Jovens monitores/as participam de diálogo motivacional e falam sobre alimentação saudável e segura

06/07/2015

O tema de Saúde Integral permeou toda a formação teórica do Programa Jovem Monitor/a Cultural (PJMC) realizada no dia 11 de maio. O dia foi marcado por diálogos sobre cultura como saúde, poder pessoal, comunicação em público e segurança alimentar.

O professor de comunicação e coach Léo Artese esteve presente no período da manhã e conduziu um diálogo motivacional, visando o aperfeiçoamento da comunicação em público por parte dos/as jovens e a promoção da autoestima, trazendo um conjunto de motivos que se manifestam e influenciam a conduta de um indivíduo.

De acordo com Léo Artese, para que uma pessoa consiga as coisas que deseja é preciso poder pessoal. No entanto, há fatores que contribuem para que esse poder seja limitado, como alguns “padrões negativos” que ficam em nossa memória corporal desde a infância, adquiridos na estrutura familiar. Entretanto, há a possibilidade de “reprogramarmos” esses padrões através de atitudes positivas.

Para Artese, o poder pessoal é medido pela capacidade de expressão e existe uma lacuna na educação, pois as pessoas adquirem conhecimentos, mas não sabem expressá-los. “As pessoas aprendem conceitos, mas não sabem como apresentá-los, não sabem como se expressar, e é tudo o que a vida profissional vai cobrar das pessoas, seja em apresentações ou conquista de vagas de emprego”.

Segurança alimentar

No período da tarde, a formação teórica contou com a presença de Christiane Costa, coordenadora da área de Segurança Alimentar e Nutricional do Instituto Pólis. Ela é socióloga e doutora em Saúde Pública pela Universidade de São Paulo (USP).

Costa iniciou o encontro trazendo a definição de Segurança Alimentar e Nutricional segundo a Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional – LOSAN (Lei nº 11.346, de 15 de setembro de 2006): é a realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras de saúde que respeitem a diversidade cultural e que sejam ambiental, cultural, econômica e socialmente sustentáveis.

“O conceito tem uma abordagem sistêmica, procura dar conta de relacionar vários atributos que se relacionam ao mesmo tempo”, comenta.

Foram trazidos dados do Estudo Nacional de Despesa Alimentar, 1974-1975 e da Pesquisa de Orçamentos Familiares 1986-1988; 1995-1996 e 2002-2003, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com as pesquisas, houve diminuição no consumo de cereais e derivados (em 1974/1975 era de 37,26%; em 2002/2003, 35,34%) e de verduras e legumes (em 1974/1975 era de 1,14%; em 2002/2003, 0,92%). Em contrapartida, o consumo de carnes subiu de 8,96% em 1974/1975 para 13,14% em 2002/2003. Já o consumo de refeições prontas, no mesmo período, subiu de 1,26% para 2,29%.

Segundo Christiane Costa, a massificação do consumo de carne, além de acarretar problemas ao meio ambiente, passou a exigir procedimentos que implicam em maus tratos aos animais. A prática de uma alimentação não saudável também pode provocar o aumento das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) e que acabam gerando altos custos para a saúde pública.

Christiane apontou, também, a mídia como influenciadora, principalmente em crianças, de práticas alimentares que prejudicam a saúde. De acordo com a pesquisa realizada pelo Observatório de Políticas de Segurança Alimentar (OPSAN) em 2006 e divulgada pela Universidade de Brasília (UnB), 72% das propagandas de alimentos estimulam o consumo de alimentos que não são saudáveis.

Propostas dos/as jovens

Após a palestra, os/as jovens foram divididos em grupos onde discutiram os principais desafios colocados na rotina da juventude em relação à alimentação. A partir disso, eles/as puderam elaborar propostas que serão apresentadas na VI Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional.

Entre os principais desafios, os/as monitores identificaram a ausência de tempo para produção do próprio alimento, o alto preço dos produtos orgânicos, a ausência de opções de comida saudável na rua, a rotulação inadequada de alimentos e a influência midiática na escolha da alimentação.

As propostas apresentadas pelos grupos apontaram que a solução para esses desafios seria uma mudança na cultura alimentar, educação alimentar nas escolas, cultivo de hortas pessoais e/ou comunitárias, regulamentação publicitária e opções de produção de alimentos no trabalho, além do comércio de alimentos saudáveis por preços mais acessíveis, promoção de feiras orgânicas por parte do Poder Público, entre outras.

Para Christiane Costa, a formação possibilitou serem visibilizados os dilemas e desafios da juventude na questão alimentar. “Saíram propostas muito boas. Penso que várias coisas que eles disseram cooperam no sentido de desconstruir essa visão de que a alimentação saudável é cara e inacessível e conseguir implantar programas, ações e atividades que possam afirmar o direito à alimentação e superar essas dificuldades”.