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Pólis realiza o Encontro Gênero e Resíduos Sólidos em cidades da América Latina

04/10/2011

 

“A desigualdade de gênero é um fenômeno milenar e está em todos os setores da sociedade. Esta desigualdade é uma construção social e não algo natural”, afirmou Maria Elisa dos Santos Braga (da Coordenadoria da Mulher), no evento que aconteceu dia 22 de setembro no Instituto Pólis.

O evento partiu do estudo realizado no âmbito da pesquisa Dimensões de Gênero e Resíduos Sólidos em Cidades da América Latina, e foi coordenado porElisabeth Grimberg, especialista da Área de Resíduos Sólidos do Instituto Pólis.

Segundo a pesquisa desenvolvida, a desigual divisão sexual do trabalho é uma das questões centrais que estruturam as relações de gênero no setor. As mulheres tem de “conciliar” e subordinar a rotina de seu trabalho aos afazeres doméstico, invisível socialmente, pois não visto como trabalho.

O “nó crítico” da divisão sexual do trabalho divulgado na pesquisa aparece na descrição da divisão das atividades: “os homens valorizam mais o sair coletando, pegar peso, prensar, negociar e vender e se consideram mais preparados para isso e as mulheres se situam nas tarefas de triagem, o que exige mais dedicação e atenção e também que fiquem tempo maior num determinado local. Essa divisão costuma ser naturalizada”. Apesar dos representantes de indústrias recicladoras dizerem que as mulheres são naturalmente “caprichosas”, dedicadas e boas selecionadoras de materiais (a chamada “funcionalização das mulheres”), a pesquisa revela que os mesmos se esquivam de pagar melhor pelo trabalho de triagem.

A violência doméstica foi outro ponto debatido no evento.


Maria Elisa dos Santos Braga (Coordenadora de Projetos da Coordenadoria da Mulher) :

“A violência domestica é um tipo das violências de gênero, talvez a mais perversa, mas nós temos diversos tipos”


Guiomar Santos (Representante do Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis/MNCR) :

“Outro dia uma mulher disse diante de nós, outras 40 mulheres do movimento: ‘hoje eu até não tenho marido. Eu não conhecia este direito’. A mulher apanhava há 20 anos”.


dona Tereza Reis (uma das mais antigas catadoras de São Paulo):

“Queremos ser remuneradas pelos serviço que prestamos à sociedade”.

Além da apresentação da pesquisa Dimensões de Gênero e Resíduos Sólidos em Cidades da América Latina, o evento promoveu o debate entre catadores e catadoras e autoridades públicas da cidade de São Paulo, além da elaboração de uma Plataforma com propostas de políticas públicas e ações que promovam equidade de gênero no contexto do trabalho, da vida doméstica e social das catadoras e catadores que atuam em cidades latino-americanas.

Participaram também do evento Maria Lucia da Silveira(SOF – Sempre Viva Organização Feminista); Maria Aparecida de Laia 
(Coordenadoria dos Assuntos da População Negra);Vera Lúcia Allegro (COVISA); Mara Lígia Kiefer(Departamento Empreendedorismo); Myriam Matsuo Alfonso Beltrão (FUNDACENTRO); Roseli Gatti(Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social);Remy Benedito Silva Filho (Secretaria Municipal de Serviços); Nalu Faria (SOF – Sempre Viva Organização Feminista).

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