A desobediência como direito
A desobediência civil se mostra como uma forma de resistência para a radicalização da democracia, principalmente em momentos onde direitos estão sendo negados ou suprimidos. O encontro Cultura e Desobediência Civil, realizado pelo Instituto Pólis e a Ação Educativa em parceria com outros coletivos, procurou desenvolver o conceito de participação enquanto um direito social para além das instituições.
O evento aconteceu no dia 13 de junho no Espaço Clariô, em Taboão da Serra, sede do Sarau do Binho. Jovens de periferia, secundaristas de escolas recentemente ocupadas, artistas e moradores da região se reuniram no local e somaram cerca de 70 pessoas.
Movimentos de Contracultura, de negras e negros pelos direitos civis e Geração Beat foram exemplos citados em um breve recorte histórico. “O evento pretendeu ampliar o debate nas periferias da cidade, envolvendo as desobediências políticas e culturais que contrariam a hegemonia”, conta Hamilton Faria, poeta e coordenador da área de Cultura do Instituto Pólis.
O debate pautou a situação da cultura no país, o redesenho da educação, a violência contra as mulheres e contra a população de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros (LGBT), o genocídio da população negra, indígena e periférica e a importância da desobediência política em manifestações que ocorrem nas margens das cidades.
A desobediência civil foi reconhecida como uma rebeldia vital não apenas contra as leis e o Estado, mas para a construção da dignidade humana e do bem viver da sociedade. Somente a partir da desconstrução da noção elitista de “Ordem e Progresso” é possível compreender a desobediência civil como resistência, participação, cidadania cultural, convivência e cultura de paz.
*Foto: Antonio Eleilson Leite