Bloco Ilú Obá de Min e Elza Soares ocupam a cidade nesta sexta-feira de carnaval
Alfaias, agogô, xequerê, djembê, dança e, inclusive, perna de pau: naipes, esses, que constituem o Bloco Afro Ilú Obá de Min. Seu sonoro nome significa “As mãos femininas que tocam tambor para o rei Xangô”.
O Bloco existe desde 2004 e é formado por mulheres. Nas tradições de matriz africana, o tocar tambor é um papel essencialmente masculino. Assim, o Ilú propõe uma subversão ao reunir centenas de mulheres nas ruas dominando seus tambores.
O grupo é formado por cerca de 200 mulheres na percussão, sem contar as que integram a dança e o canto. São seis meses de preparo e ensaios até a sexta-feira de carnaval, que é quando o Bloco ocupa a cidade com figurino elaborados, espetáculos pirotécnicos e ritmos da cultura afro-brasileira.
Wanda Martins, coordenadora financeira do Bloco e integrante da equipe de Cultura do Instituto Pólis, explica que o grupo possui três vertentes de atuação: o empoderamento feminino com recorte de raça, a ocupação do espaço público e o combate à intolerância religiosa.
Para Andreia Alves, bailarina do grupo desde 2006 e também parte da equipe de Cultura do Pólis, o mais fascinante do Ilú é a energia feminina em massa. Segundo a bailarina, o Bloco faz parte de um processo educativo ao disseminar a cultura negra na tentativa de desconstrução do racismo.
A cada ano o grupo exalta mulheres negras: 2015 foi o ano de Carolina de Jesus, escritora, compositora e ativista brasileira. Em 2016, a homenageada é Elza Soares. A cantora, que recentemente lançou seu álbum “A Mulher do Fim do Mundo”, fará um show de abertura do carnaval Ilú Obá de Min, nesta sexta-feira, dia 5, na Praça da República.
Após o show, o Bloco fará um cortejo partindo da Praça da República até a Praça das Artes. A concentração para o evento será às 19h30. No entanto, a programação do grupo para o carnaval não para por aí: os outros dias de apresentação podem ser conferidos na página do Facebook do grupo.
*Imagem: Diego Camacho