Hamilton Faria, coordenador da área de Cultura do Instituto Pólis, fala sobre o livro “Juventudes e formação: Trajetórias, narrativas e poéticas, entrevista concedida à jornalista Marilu Cabañas, veiculada na Rádio Brasil Atual.
Lançamento do livro do PJMC teve presença de Bel Santos Mayer e Maria do Rosário Ramalho
“Depois desse ano digo com certeza, não sou mais a mesma. Me tornei várias e vários. Descobrir o outro, a outra história, o outro lugar, a outra luta, me fez descobrir muito de mim”, conta Victória Mariana Toreti Vasconcelos, Jovem Monitora Cultural da turma de 2016/17.
Permeado de músicas, danças, performances, poemas e outras expressões, o lançamento do livro “Juventudes e formação: Trajetórias, narrativas e poéticas” aconteceu nesta última terça-feira, dia 21 de fevereiro, na Red Bull Station. O evento celebrou o encerramento de um ciclo da parceria entre Instituto Pólis, Ação Educativa e Prefeitura Municipal de São Paulo para execução do Programa Jovem Monitor/a Cultural.
Na ocasião, o grupo de teatro Artemanha fez intervenções artísticas entre os blocos de fala, os quais foram mediados pela educadora social Bel Santos Mayer, escolhida como mestre de cerimônia. O evento contou com a presença também de educadores, gestores, integrantes do Instituto Pólis, os próprios jovens monitores e de Maria do Rosário, ex-secretária de Cultura de São Paulo.
Depois de dois anos de intenso trabalho, como está colocado no livro, é possível afirmar que houve uma contribuição para a ampliação do repertório cultural de uma “geração pulsante, em sua maioria da periferia de São Paulo e em grande parte pertencente a coletivos culturais, vivendo em cenários de exclusão”. Dayane Rodrigues, agente de formação do PJMC, afirma que com o programa acabou retomando os sentidos de ser educadora.
O livro traz diversas cartas de formadores e jovens que passaram pelo programa. Para Altair Moreira, assessor de formação do Instituto Pólis, a juventude negra e pobre, sempre desassistida pelo Estado, criou sua própria visão de mundo. “Isso de certa forma as empoderou em suas existências”, pontua no livro. Já para Raquel Luanda, assessora da área de juventude da Ação Educativa, é importante pensar em juventude não como uma geração detentora de um futuro, “mas como presente e detentora de direitos”.
Em entrevista à Rádio Brasil Atual, Hamilton Faria, coordenador da área de Cultura do Instituto Pólis, afirmou que a formação é uma palavra complicada ao se referir à formação cultural dos jovens. “Eles têm uma contribuição cultural significativa, não é como moldar uma argila”, destacou. Para ele, o programa foi uma troca de saberes, algo que seguiu na mão dupla, recíproco.
A publicação traz os desafios da formação de jovens, a metodologia e as poéticas do aprendizado, entrevistas, diálogos, cartas e indicadores, tais como perfis, impactos e resultados do PJMC.
Evento marca o fim de um ciclo de parceria entre o Instituto Pólis, a Ação Educativa e a Prefeitura de São Paulo
Na próxima terça-feira, dia 21 de fevereiro, acontecerá o lançamento do livro Juventudes e formação:Trajetórias, narrativas e poéticas do Programa Jovem Monitor Cultural. O evento celebra o encerramento do fim de um ciclo da parceria estabelecida entre Instituto Pólis, Ação Educativa e Prefeitura Municipal de São Paulo para implementação do Projeto Jovem Monitor Cultural.
O livro, que será distribuído gratuitamente no dia, é composto por impressões da juventude que experienciou meses de formação cultural, política e social, através de diversas formas de expressão, como textos, fotos e poesias. Além disso, também há dados e indicadores desta política pública cultural e de juventudes, o PJMC. No lançamento, as trajetórias, narrativas e poéticas construídas até agora com o programa serão apresentadas.
O evento será realizado na Red Bull Station, que fica na Praça da Bandeira, e terá participação das diversas vozes que compõem esta política pública incluindo os fazeres artísticos dos/as jovens participantes do projeto, que são fazedores e fazedoras de cultura na cidade de São Paulo.
Será uma atividade aberta ao público, mas para participar é necessário confirmar a presença até amanhã, 17 de fevereiro, pelo e-mail janainasantana@polis.org.br
Mulheres se reúnem no próximo dia 13 para discutir violência obstétrica e o impacto disso na vida cotidiana
Cerca de 75% das mulheres não receberam alimentação durante o trabalho de parto; 73% não tiveram acesso a procedimento não medicamentosos para o alívio da dor, como banho quente; 71% não tiveram direito a acompanhante, o que é previsto por lei desde 2005; e 25 % afirmam ter sido desrespeitadas durante a gestação ou parto.
Diante deste cenário, acontecerá na próxima segunda-feira o encontro Marcas (In)visíveis: Violência Obstétrica, no Instituto Pólis, às 14h. O evento, realizado pelo grupo de mulheres do Programa Jovem Monitor/a Cultural chamado Marcas (In)visíveis, exibirá uma Websérie produzida pelo coletivo Que Pariu, a qual apresenta uma série de relatos de mulheres que já sofreram violência obstétrica.
Além disso, será discutido o Projeto de Lei 359/2015, o qual “propõe fornecer curso de qualificação básica para as parteiras tradicionais e incluir sua atividade no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS)”. Também o Projeto de Emenda Constitucional 100/2015, o qual altera o artigo 200 da Constituição Federal, passando a “disponibilizar, às gestantes, equipe multiprofissional composta pelo menos por Pediatra, Ginecologista, Obstetra, Enfermeiros e Psicólogo, para atenção integral durante o período do pré-natal, parto e o pós-parto”.
E, por último, o Projeto de Lei 7.633/2014, cujo artigo primeiro disponibiliza a “toda gestante tem direito à assistência humanizada durante a gestação, pré-parto, parto e puerpério, incluindo-se o abortamento, seja este espontâneo ou provocado, na rede de atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS) e em estabelecimento privado de saúde suplementar”.
O evento também terá uma roda de conversa com Capulanas Cia de Arte Negra, um grupo de mulheres jovens, artistas e pretas “interessadas em dialogar com a sociedade sobre as descobertas, anseios e percepções das mulheres negras e periféricas”.
Encontro trouxe cinco pessoas em situação de refúgio para conversar com a juventude do Programa Jovem Monitor Cultural do Instituto Pólis
O continente africano é formado por 54 países e mais de 800 milhões de habitantes. Luanda, Alexandria, Cairo, Lagos, Joanesburgo são algumas das regiões metropolitanas de países da África. Considerado como o berço da humanidade, o continente também foi palco de grandes civilizações como Egito, Meroé, Axum, Congo, Monomotapa e Songhay, entre outras.
Para Jean Katumba, da República Democrática do Congo, a África é provavelmente a região do mundo onde a situação linguística é a mais diversificada, com mais de 2.000 línguas, aproximadamente 30% da quantidade de línguas no mundo. Natural da Nigéria, Ejike Nzube garante que quando uma pessoa abre a boca em seu país “eu já sei de qual tribo ela é”. Em seu país, existem 300 tribos com “apenas” 521 línguas.
Na contramão, o pensamento ocidental carregado de racismo e preconceitos tem a visão estereotipada de que a África consiste em “um país gigante”, onde há somente pobreza, caos e conflitos. Tal interpretação traz como solução a colonização, ou a neocolonização: a ajuda sagrada branca, a ideia de desenvolvimento da civilização ocidental. No entanto, o nigeriano afirma que a situação é bem diferente: “Temos tudo lá, temos comida, temos ouro. Se as pessoas ficam pobres é por causa da política. Aqui [no Brasil] também há corrupção”, pontua. Jean Katumba coloca que desde que chegou ao Brasil, considera-se mais africano do que congolês, revelando a generalização ocidental de África como um único país.
Esse momento de partilhas acerca do continente africano aconteceu dentro do LabCult (laboratório de experimentações culturais) do Programa Jovem Monitor/a Cultural, organizado por jovens participantes do Programa. O grupo teve como missão abordar a situação de pessoas em situação de refúgio em São Paulo.
Segundo a Agência da ONU para Refugiados, a lei de refugiados no Brasil “garante documentos básicos aos refugiados, incluindo documento de identificação e de trabalho, além da liberdade de movimento no território nacional e de outros direitos civis”. O país tem aproximadamente 9.000 pessoas em situação de refúgio reconhecidos. Entre 2010 e 2015, o número de solicitações de refúgio aumentou mais de 2.868%. A maioria é da África, Ásia, Oriente Médio, e Caribe.
Katumba afirma que alguns países da África ainda “não são mestres” em democracia. Por causa disso, em muitos países, há intensa perseguição política. Sair do país significa salvar a própria vida. Ele ainda lembra, “eu não sou refugiado, eu estou refugiado!’”.
Para Lara Elisabethe, de Moçambique, um grande problema é lidar com as dificuldades no reconhecimento de diplomas e graduações. “Situação que dói e tira a dignidade. É uma perseguição moral que machuca”. Suzzane Tcham, do Camarões, advogada em seu país, aqui trabalha como empregada doméstica. Ela diz que ficou frustrada com as pessoas em situação em rua: “No Camarões não se vê pessoas morando nas ruas”.
Para Beatriz Andrade, jovem monitora cultural, o encontro desconstruiu muitas barreiras. Para ela, a principal chave disso tudo é informação. “É uma quebra de estereótipo que agora eu posso ajudar a disseminar. Eu queria que todas as pessoas tivessem acesso às informações dessas realidades”, termina.