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aniversário da cidade, mas não há muito o que comemorar…

21/01/2022

A cidade de São Paulo completa 468 anos em 2022, mas não há muito o que celebrar… Uma cidade com mais de 12 milhões de habitantes, que dispõe de uma série de museus, parques e atrativos culturais e turísticos, é uma cidade adequada e acolhedora de fato com quem a habita?

A idade de São Paulo é infinitamente menor do que o número de mortes por covid-19: até agora, quase 40 mil pessoas. Sabemos que a pandemia agravou muitas desigualdades, mas como a prefeitura lidou com elas diz muito sobre as propostas de políticas públicas da gestão. Desde o início da pandemia, o Pólis produziu diversos estudos que demonstram como as desigualdades foram acentuadas em distintas regiões da cidade e afetou de modo diferente pessoas negras e periféricas.

E mesmo com esse cenário, mais de 36 mil pessoas são ameaçadas de despejo, número esse que só não é maior por conta da mobilização promovida pela Campanha Despejo Zero, que reuniu diversas instituições, inclusive o Pólis, incidiu na esfera pública e pressionou para a aprovação da lei que impede os despejos e reintegrações de posse durante a pandemia. Com o aumento dos despejos e a instabilidade financeira, a população de rua na cidade nunca esteve tão grande, de acordo com a própria percepção dos cidadãos, como mostra pesquisa da Rede Nossa São Paulo. Atualmente, estima-se que haja 66 mil pessoas em situação de rua. Pessoas desassistidas, sem moradia e privadas de seus direitos básicos e humanos.

Infelizmente, há outros dados desoladores na nossa cidade. Como por exemplo a taxa de desemprego, que atinge mais de 13% da população paulistana. Deixando milhares de mães e pais de família sem poder levar o sustento para casa e/ou recorrendo à informalidade – muitas vezes pintada como empreendedorismo, mas, mais uma vez, sem qualquer garantia de direitos.

Toda essa situação não atinge apenas a população adulta diretamente. Longe disso. Com a falta de vagas nas creches municipais – estima-se uma fila de quase 30 mil crianças em toda a cidade – muitas crianças são privadas do seu direito à educação e, muitas vezes, a garantia de uma alimentação adequada. A bola de neve das desigualdades vira uma avalanche para pessoas em situação de vulnerabilidade social. A falta de creche impede a procura de um emprego formal, mas também não há disponibilidade de vagas e muito menos uma ação municipal que promova e incentive essa busca. Com isso, sem renda, é impossível pagar o aluguel e se alimentar com qualidade. Se locomover pela cidade, então? Impossível, vem aí mais um aumento nas tarifas de ônibus na cidade, conforme anunciado pelo prefeito Ricardo Nunes, programada para o início desse ano.

Não há o que comemorar quando nossos direitos não são garantidos. O Pólis e a sociedade civil paulistana têm lutado arduamente para mudar essas situações, mas toda a sociedade precisa estar atenta para escolher candidatos ao executivo e legislativo que lutem pelo direito à cidade, para garantir melhores condições para os cidadãos.

[Indicamos também a leitura do “Mapa da Desigualdade”, produzido anualmente pela Rede Nossa São Paulo]