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Carta de Brasília – Seminário Agricultura Urbana e Periurbana

14/11/2012

 

Para promover a troca de experiências em produção de alimentos nas cidades e elaborar diretrizes para a regulação da atividade, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) promoveu o III Seminário Latino-Americano e Caribenho de Agricultura Urbana, nos dias 5 a 7 de novembro de 2012.

Ao longo do seminário, representantes da sociedade civil e de governos municipais e estaduais apresentarão experiências bem-sucedidas que tiveram apoio do MDS. Na Conferência de abertura Christiane Costa, do Instituto Pólis e membra do CONSEA, falou, entre outras coisas, sobre a relação da agricultura urbana com a saúde, com a tecnologia e com o território.

Confira aqui os documentos de apresentação do Seminário.

Ao final foi elaborada uma carta com os principais pontos discutidos no encontro:

 

CARTA DE BRASILIA

SEMINARIO DE AGRICULTURA URBANA E PERIURBANA

BRASILIA, 05-07 DE NOVEMBRO DE 2012

 

“O III Seminário Latino-Americano e Caribenho de Agricultura Urbana e Periurbana realizado em Brasília, no período de 05 a 07 de novembro de 2012, evidenciou o caráter estratégico da rede de interlocução pautada nas diversas experiências desenvolvidas nos países participantes – Cuba, México, Argentina e Brasil, constituindo-se em um importante avanço no reconhecimento das multifuncionalidades e potencialidades da agricultura urbana e periurbana, e apontando desafios comuns, inerentes a construção de uma Política Nacional de Agricultura Urbana e Periurbana intersetorial, que dialogue com as temáticas da  Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, Estatuto das Cidades, Política Nacional de Reforma Agrária, Política Nacional de Resíduos Sólidos, Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica, Política Nacional de Educação e Política Nacional de Abastecimento Alimentar, dentre outras.

Estiveram representadas cerca de 30 instituições da sociedade civil nacionais e internacionais, além de representantes governamentais, Universidades Públicas, Frente Parlamentar de SAN, CONSEA e instituições de pesquisa, para as atividades que envolveram painéis, debates e trabalhos em grupo acerca dos temas: realocação da produção e do consumo nas cidades; agricultura urbana, periurbana e desenvolvimento das cidades, estratégias de produção sustentável para o autoconsumo e comercialização; experiências de agricultura urbana, periurbana, abastecimento alimentar e articulação com Equipamentos Públicos; e, potencialidades e desafios para a construção de uma Política Nacional de Agricultura Urbana e Periurbana.

Como principais contribuições destacou-se a multifuncionalidade da agricultura urbana e periurbana, sua forte relação com as práticas agroecológicas, com a produção de compostagem a partir de resíduos orgânicos, melhoria da paisagem e limpeza de áreas urbanas, sustentabilidade do meio ambiente e redução dos impactos da urbanização, possibilitando a presença de mais áreas verdes nas cidades, melhorando a qualidade do ar, diminuindo a impermeabilidade do solo, desenvolvimento de tecnologias sociais, manejo de áreas de vegetação nativa, promoção da economia solidaria e geração de renda, estruturação de redes de produção, consumo, saúde, medicina popular, soberania e segurança alimentar e nutricional, resgate e reforço das identidades culturais, organização popular pautada na promoção do associativismo, cooperativismo e empreendedorismo, troca de saberes e experiências, processos educativos desenvolvidos a partir dos programas e projetos de hortas escolares, dentre outras.

A produção de alimentos nas cidades promove a estruturação de circuitos curtos locais de produção-abastecimento-consumo, aumentando a oferta de alimentos mais frescos e saudáveis tanto para o autoconsumo como para a comercialização, oportunizando o acesso a alimentos com menores custos, e se contrapondo ao padrão de produção e consumo de larga escala.

A agricultura urbana e periurbana se configura como uma das formas de promoção das ações de educação alimentar e nutricional, valorizando a diversidade da produção, da cultura e dos hábitos alimentares locais, além de fomentar o abastecimento social e promover a alimentação adequada e saudável, com vistas a garantia do direito humano a alimentação adequada.

Reconhece-se que as práticas de agricultura urbana e periurbana vêm sendo desenvolvidas no mundo, especialmente no Brasil, AL e Caribe, por agricultoras e agricultores, há muito tempo. As organizações da sociedade civil passam a ter um papel relevante no Brasil, principalmente, a partir da década de 70/80, destacando as suas ações no que diz respeito a organização,  capacitação, fomento, luta pela preservação dos espaços urbanos contra o avanço da especulação imobiliária, luta contra a fome, pelo uso sustentável do meio ambiente.

Essa atividade passa a ser incorporada na agenda de políticas publicas do Brasil, a partir dos anos 80, com a iniciativa da implantação de hortas, por algumas prefeituras municipais. No âmbito do governo federal, as primeiras ações se iniciam a partir de 2003 em consonância a um conjunto de políticas de SAN. Foram diversas ações financiadas, entre CAUPs, hortas comunitárias, quintais produtivos, feiras populares, sendo que atualmente o Programa Agricultura Urbana e Periurbana contempladas no Plano Plurianual 2012-2015 e no Plano Nacional de SAN.

Principalmente a partir da dificuldade dos agricultores acessarem as políticas públicas voltadas para agricultura familiar, apareceu a necessidade de avançar na  institucionalização das ações desenvolvidas e no reconhecimento do trabalho dos agricultor urbano e periurbano e das instituições da sociedade civil e órgãos públicos.

É fato que é necessário um debate maior na sociedade para a constituição de uma Lei Geral da AUP e mesma na elaboração de uma Política Nacional de AUP, destacando o papel da CAISAN e do CONSEA nesta construção. No entanto, destaca-se o protagonismo do MDS que está no movimento de elaborar uma Portaria para regular o seu Programa e Política de AUP, um primeiro passo para institucionalização e efetivação das ações que já vem sendo desenvolvidas. Ao mesmo tempo, faz se necessário rever e melhor utilizar leis e regulamentações já estabelecidas no âmbito: fundiário (INCRA), do Estatuto da Cidade e dos Planos Diretores, da comercialização dos itens de origem animal, entre outros.

O III Seminário Latino-Americano e Caribenho de Agricultura Urbana e Periurbana apontou como desafios os seguintes pontos:

·      Desenvolvimento de tecnologias sociais apropriadas para as especificidades realidade da agricultura urbana e periurbana;

·      Intersetorialidade, articular os programas existente, no âmbito da esfera nacional, neste caso é fundamental o papel da CAISAN, e também no âmbito das outras esferas;

·      Superar a escassez da água e espaços para produção;

·      Atualização dos Planos Diretores e inclusão de Zonas Especiais de SAN;

·      a contaminação de solo, o que leva ao uso de métodos de plantios suspensos, como o organopônico;

·      Necessidade de potencializar a atuação em rede das instituições, CAUPs e entes federados que desenvolvem ações de AUP;

·       Assegurar assessoria técnica especifica e capacitação continuada em agroecologia e formação de agentes comunitários locais.

·       Apoio ao escoamento, processamento, beneficiamento e comercialização de produtos agroecologicos urbanos em mercados institucionais;

·      Definir interlocutores municipais com as atribuições de articular e operacionalizar a política de SAN, com a participação efetiva da sociedade local.  Definir estruturas de gestão: conselhos, etc. e controle social; inlcusao das base, encontros locais, regionais, etc.

·      Promover encontro nacional da Política de AUP, abrangendo redes locais, sociedade civil, universidades publicas CAUPs, agricultoras  e agricultores, urbanos e periurbanos

·      Aprofundar a relação Brasil-Cuba-Mexico-Argentina e demais países,  sobre política  de AUP;

·      Promover financiamento continuo no âmbito da AUP: dotação orçamentária especifica, na forma de convenio e no aprimoramento destes, articulação com organismos internacionais,

·      Promover novos diagnósticos das praticas de AUPs;

·      Capacitação e mobilização dos atores para autonomia e sustentabilidade dos envolvidos ema AUP;

·      Pautar a AUP nas diversas conferencia (igualdade racial, AS, SAN, saúde, Saude indígena, ….)

Desafios Institucionais para 2013

·      ARTICULAÇÃO DO GT DE AUP NO CONSEA:

·      PREPARAÇÃO DO ORÇAMENTO DO MDS A ESTRATEGIA DE AUP/ DISCUSSÃO PREVIA DOS EDITAIS,

·      INSERCAO NOS MUNICIPIOS DOS PLANOS DIRETORES,

·      ENCONTRO Nacional de Agricultores e Agricultora de AUP em 2013;

·      MESA TECNICA PARA DISCUSSÃO DA CONTINUIDADE DA AÇÃO DE CAUPS:

 

DESAFIOS INSTITUCIONAIS DE MEDIO E LONGO PRAZO:

·      Financiamento;

·      Plano de SAN ate 2015: AUP esta contemplada.

·      Capacitação e mobilização: PROEXT, economia solidaria, MEC. “

Acesse aqui os documentos de apresentação do Seminário.

Programação e participantes:

III Seminário Latino-Americano e Caribenho de Agricultura Urbana e Periurbana

 05, 06 e 07 de novembro/2012

05 de novembro de 2012 – 1° dia

09h00 – 10h00

Mesa de Abertura

Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
Red Aguila – Rede Latinoamericana de Investigação em Agricultura Urbana EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
Secretaria Geral da Presidência da República
Ministério da Saúde
Ministério do Meio Ambiente
Ministério do Desenvolvimento Agrário
Ministério da Educação
Frente Parlamentar de Segurança Alimentar e Nutricional
Secretaria de Desenvolvimento Urbano do GDF
Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional
FAO – Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação

10h30 – 12h30

Conferências de abertura: Realocação da Produção e do Consumo nas Cidades

Moderação: João Augusto de Freitas – DEISP/SESAN Palestrantes convidados:

Maya Takagi – Secretária Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional/MDS, na perspectiva da Segurança Alimentar e Nutricional
Christiane Barbosa Ducap (Instituto Pólis), na perspectiva do Desenvolvimento Urbano
e do consumo – CONSEA

Maria Caridad Cruz – Cuba, viabilização da AUP nas Cidades
João Luiz – Rede Aguila, na perspectiva do Meio Ambiente, produção e consumo

Intervalo para almoço

14h00 – 16h00

Painel 1: Agricultura Urbana, Periurbana e Desenvolvimento Urbano das Cidades (Parte I)

Moderação: Professor Vicente Rocha (UFG) Palestrantes convidados:

Sec. Geraldo Magela – Secretaria de Desenvolvimento Urbano do GDF Silvano Silvério da Costa – Ministério do Meio Ambiente
Aldenora Gomes Gonzales – Fórum Nacional de Reforma Urbana Gabriela Arias Hernandez – Representação do México

16h00 – 16h20

Intervalo

16h20 – 18h00

Painel 2: Agricultura Urbana, Periurbana e Desenvolvimento Urbano das Cidades (Parte 2)

Moderação: Nísia de Oliveira Ferrone – Red Aguila Palestrantes convidados:

Silvana Mariani – Representação da Argentina
Ariane Geralda Moreira dos Santos – Prefeitura de Sete Lagoas/MG Sérgio Vilela – Prefeitura de Teresina/PI
Francisco Nogueira – CHESF

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06 de novembro de 2012 – 2° dia

08h30-10h30

Painel 3: Estratégias de Produção Sustentável para o Autoconsumo e Comercialização

Moderação: Marco Dal Fabro – DEFEP/SESAN Palestrantes convidados:

Fernande Antunes Fernandes – Universidade Estadual de Maringá/PR Representação de Cuba
Edson Guiducci – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
Secretário Valter Bianchini – Ministério do Desenvolvimento Agrário Najla Veloso Sampaio (Hortas Escolares) – Ministério da Educação (FNDE)

10h30 – 10h45

Intervalo

10h45 – 12h15

Painel 4: Experiências de Agricultura Urbana, Abastecimento Alimentar e articulação com equipamentos sociais
Moderação: Patrícia Gentil – DEISP/SESAN
Palestrantes convidados:

Tadeu Pereira – DEISP/SESAN/MDS
Silvio Isopo Porto – Companhia Nacional de Abastacimento/CONAB Prof. Walter Belik – Unicamp
Josefina de Las Mercedes Gonzalez – Cuba

12h15 – 14h00

Almoço

14h00 – 16h00

Painel 5: Potencialidades e Desafios para construção de uma política pública de Agricultura Urbana

Moderação: João Augusto de Freitas – DEISP/SESAN Palestrantes convidados:

Sônia Novaes – Associação Brasileira de Reforma Agrária
Edno Honoráto de Brito – CONSEA
Marcelo Oliveira Almeida – Rede de Intercâmbio de Tecnologias Alternativas/MG Ivana Ilovo – IPES
Representação do México

16h00 – 16h15

Intervalo

16h15 – 17h30

Debate em Plenária sobre o Painel 5

07 de novembro de 2012 – 3o dia

08h30 – 10h30

Trabalhos em Grupo

Objetivo: Explanar sobre os desafios colocados e pautar as questões que serão debatidas em grupos em torno dos elementos para a construção de uma política pública de AUP.

10h30 – 10h45

Intervalo

10h45 – 12h00

Apresentação dos Trabalhos em Grupo

Debate Consolidações

12h00 – 14h00

Almoço

14h00 – 16h00

Plenária de Encerramento

Moderação: João Tadeu Pereira Presenças:

Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
Red Aguila – Rede Latino Americana de Investigação em Agricultura Urbana EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
Ministério da Saúde
Ministério do Desenvolvimento Agrário
Ministério da Educação
Ministério do Meio Ambiente
Secretaria Geral da Presidência da República
Secretaria de Desenvolvimento Urbano do GDF
Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional
Frente Parlamentar de Segurança Alimentar e Nutricional
FAO – Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação