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Educação ambiental com foco em resíduos sólidos

12/12/2016

6º Encontro do Ciclo de Diálogos Resíduo Zero trabalhou educação ambiental: mitos, políticas e práticas

No dia 7 de dezembro de 2016, aconteceu o 6º Encontro do Ciclo de Diálogos Resíduo Zero,Ciclo último evento da campanha Resíduo Zero, lançada em maio deste ano. Participaram deste evento Patrícia Blauth, educadora ambiental e representante da Aliança Resíduo Zero Brasil, Mônica Borba, educadora ambiental e diretora da UMAPAZ, Secretaria do Verde e do Meio Ambiente de São Paulo, Nádia Campeão, Secretária Municipal de Educação, e Juarez Michelotti, do Sesc, cujo foco foi educação ambiental e resíduos sólidos.

Blauth abriu os trabalhos com uma brincadeira, em que integrantes do público tinham que convencer outros participantes a usar copos e canecas duráveis, trazendo argumentos sobre por que é melhor do que utilizar copos descartáveis. Os argumentos a favor foram: “gasta-se mais água para produzir um copo descartável do que para lavar um durável, além de aumentar significativamente a quantidade de resíduos gerados”. Do outro lado, disseram: “A natureza é infinita, a mãe terra é inesgotável”, então “tudo bem desperdiçar”.

Nádia Campeão, Secretária Municipal de Educação, destacou a importância da relação entre educação e meio ambiente
Nádia Campeão, Secretária Municipal de Educação, destacou a importância da relação entre educação e meio ambiente

E com essa brincadeira a educadora foi descontruindo vários mitos que cercam a questão dos resíduos sólidos e que influenciam nossas práticas cotidianas. Uma das questões trazidas foi sobre a alimentação. Patrícia lembrou que a plantação de soja para alimentar o gado é uma monocultura que degrada a diversidade da terra. Ainda constatou que para produzir 1kg de batata, gasta-se 500L de água, e para 1 bife, 15 mil L. “O solo não é renovável, a água não é renovável”, destaca.

Outro mito desconstruído foi o de que “todo biodegradável é bom”. Ela afirmou que nem sempre aquilo que é biodegradável é biocompostável, ou seja, encontra as condições necessárias para a decomposição ambientalmente sustentável, dado que muito destes materiais são compostos de resinas de petróleo ou outros químicos que irão para o solo e para as águas quando degradados.

Outro mito é a afirmação “Recicle, a natureza agradece”, dado que reciclar, assim como compostar, é uma das últimas alternativas para tratar resíduos sólidos. Antes disso, é mais importante reduzir o consumo e a produção de bens que no final vão virar resíduos. Reciclar também consome energia, água e gera resíduos como aqueles que foram encontrados na barragem de Mariana, em Minas Gerais.

Neste contexto de discussão, Elisabeth Grimberg, coordenadora da área de Resíduos Sólidos do Instituto Pólis e membro da ARZB, lembrou que para reciclar materiais de alumínio, é necessário acrescentar bauxita, recurso mineral não renovável, o que não é mencionado nas propagandas de reciclagem de alumínio.

Juarez Michelotti deu ênfase no processo de diminuição no uso de resíduos sólidos descartáveis pelo Sesc
Juarez Michelotti deu ênfase no processo de diminuição no uso de resíduos sólidos descartáveis pelo Sesc

Para desmistificar que “os descartáveis são mais higiênicos”, Patrícia criticou o terrorismo sanitário, onde tudo precisa ser esterilizado, higienizado, lavado. A higiene não está no objeto, mas sim no manuseio. A ideia de que os descartáveis são mais higiênicos não é verdadeira se lembrarmos que os sachês de catchup nem sempre estão mais limpos do que as bisnagas.

Por fim, abordou o mito “reduzir o consumo acaba com os empregos”. Foi lembrado que não precisamos a todo momento consumir materiais, mas também serviços, como por exemplo o de consertar, recondicionar produtos. Na realidade, a tentativa da indústria de aumentar a produtividade substituindo trabalhadores por tecnologias é o maior fator de diminuição de postos de trabalho.

JuarezMichelotti, representando o SESC do Estado de São Paulo apresentou o programa Sesc: “Lixo menos, é mais”, o qual busca contribuir para o fortalecimento da sustentabilidade, conservação ambiental e minimização de resíduos nas suas nas 38 unidades do SESC .  Tudo isso tendo em vista também uma destinação socioambiental responsável pelos resíduos produzidos. Diante disso, aconteceu uma mudança individual e coletiva entre os funcionários do Sesc: substituição de descartáveis por duráveis, e, por exemplo, implantação de coleta seletiva.

Por fim, Mônica Borba, Diretora da UMAPAZ, Departamento de Educação Ambiental da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente (SVMA) da Prefeitura do Município de São Paulo, apresentou as ações desenvolvida por esta instituição desde 2015. Informou que existem 93 pontos em implementação de coleta seletiva nos 4.000 prédios públicos de São Paulo. Nestes, o Programa para Implantação da Coleta Seletiva Participativa prevê que em parques e escolas, a coleta seletiva será realizada em três tipos: recicláveis, compostáveis e aterráveis. Com isso, pretende reduzir os rejeitos que serão encaminhados aos aterros sanitários, ampliar a quantidade de resíduos recicláveis e limpos que vão para as cooperativas, estimular a implantação de processos de compostagem e aumentar a produção de composto orgânico.

Mônica propôs um exercício de reflexão aos participantes:“descubram qual o caminho dos resíduos quando saem de suas casa”. Afirmou a seguir: “Você certamente irá se surpreender com a destinação e com todos os agentes que estão envolvidos no processo”.