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Livro trata da história das políticas públicas na área cultural

19/07/2017

O livro “Democratizar a participação cultural”, de Julio Mendonça, caracteriza o contexto da participação cultural nos últimos anos. Lançada em abril deste ano, a publicação realiza uma leitura da cultura no mundo contemporâneo, as novas exigências e impactos do desenvolvimento do mercado e do consumo e da produção de informação. Confira a resenha de Valmir de Souza: 

Surgindo em um momento de crise geral e especialmente da “fadiga” da participação na esfera pública institucional, o livro trata das várias dimensões da cultura participativa, pontuando história, sociedade, gestão e política cultural. Divide-se em três partes: valores, cenários e práticas. Percorrem o livro duas linhas de participação: uma informal e outra formal. A emergência da participação cultural é abordada em suas manifestações no passado, com a revolta de jovens nos anos 1960, por caminhos não oficiais. Mas a ênfase do livro está nos mecanismos de incidência política na gestão pública no campo da cultura, nas formulações de conselhos, conferências etc. A obra passa pelas várias metodologias de participação: educação popular, animação sociocultural etc, e também aborda as mídias e o papel do consumidor, mas alarga os campos da cultura, ao associar as práticas socioculturais a outros campos.

O autor, com ampla formação humanística e gestão cultural, termina o livro com um estudo de caso de São Bernardo do Campo e a realização da 1a Conferência Municipal de Cultura, com suas propostas e dilemas. A obra se insere no amplo debate sobre a participação e evidencia que a cultura participativa é ativa e reflexiva.

Ainda que nos anos 1990, houvesse uma forte atividade cultural na sociedade brasileira com a formação de vários fóruns de cultura (por exemplo, o Fórum Intermunicipal de Cultura), os governos nacionais não deram ênfase nos mecanismos formais de participação. Já nos anos 2000, houve uma efervescência cultural e institucional incentivada pelos diversos governos nacionais, mas que se mostrava limitada devido aos “códigos” e competências participativas, que dificilmente incluíam as dinâmicas da participação informal com suas potências nas marchas, atos e manifestações e ocupações secundaristas, periféricas e autonomistas que não se pautavam pelas agendas estatais. Havia uma cisão entre a institucionalidade formal e as outras “institucionalidades” sociais. Essa história das participações não formais ainda está por ser contada.

Valmir de Souza é professor e ensaísta. Compõe a equipe de Cultura do Instituto Pólis

Título do livro: Democratizar a participação cultural
Autor: Júlio Mendonça
Editora: Dobradura Editorial
Ano: 2017