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Travessia, solidariedade e diversidade: a cultura andarilha em pauta

21/10/2015

de Comunicação Pólis

O encontro Diálogos Culturais dessa quinta-feira, dia 15, trouxe para debate o tema Andarilhos Urbanos. A sala onde ocorreu o encontro ambientava cartazes suspensos ou colados ao chão que propunham reflexões sobre as diversas contribuições da cultura andarilha. Pouco mais de 20 pessoas estiveram presentes no Instituto Pólis para participar do evento.

Ao início, o Jogo dos Andantes estimulou a percepção dos participantes acerca dos movimentos, emoções, e pensamentos em seu próprio ato de caminhar. Após o exercício, foi sugerido aos andantes que eles declarassem as questões apresentadas nos cartazes:

Como a política pública pode estimular o Andarilho na cidade?

Qual pode ser o papel do Andarilho para uma cidade educadora?

Qual a relação entre caminhar e a diversidade cultural?

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Hamilton Faria, do Instituto Pólis

Essas e outras perguntas foram respondidas – ou naturalmente deixadas em aberto – durante o debate. Hamilton Faria, poeta e coordenador de Cultura do Pólis, abriu a conversa recitando o poema Ítaca, de Konstandinos Kaváfis, e propôs a reflexão: em meio à cultura da pressa, o andarilho pode ter sentido humanizante e cultural para a cidade?

Para alguns participantes, o sentido maior de ser andarilho pode ser definido em três pilares: travessia, solidariedade e diversidade. À luz de Guimarães Rosa, o que é real não está nem no início nem no fim: está no meio da travessia. O andar é um momento de reflexão, no qual o caminhante deve se permitir ser turista de si mesmo em sua própria cidade, para, então, conseguir estranhar o familiar e familiarizar o estranho.

Em relação à solidariedade, esta se faz presente quando o andarilho, durante suas caminhadas, atravessa barreiras de invisibilidades sociais, visto que a cidade é blindada em relação às pessoas em situação de rua. Ser solidário e escutar a cidade está conectado à promoção de uma cultura de paz.

A rua, por ser um ambiente de encontro das diferenças, pode ser hostil para minorias sociais. O recorte de gênero, classe e raça é necessário para que compreendamos que diversidade e convivência caminham juntas quando se fala em espaço público.

O objetivo do debate não foi apenas pautar questões relacionadas às políticas públicas ou dar um viés poético ao andarilho: o encontro procurou politizar aquilo que também é poético, pois essas duas vertentes não se segmentam. Reeducar o olhar para a contemplação dos detalhes da cidade e reencantar a cidade com cultura de paz é intrínseco ao exercício de andarilhar.

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Participantes debatem sobre cultura andarilha