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Reforma da Previdência leva trabalhadores às ruas em todo o Brasil

17/03/2017

Milhares de pessoas ocuparam as cidades brasileiras para protestar contra a reforma. Em São Paulo, o ex-presidente Lula trouxe alternativas aos problemas da Previdência Pública

Aproximadamente 80 mil pessoas, segundo os organizadores, ocuparam a Avenida Paulista contra a Reforma da Previdência nesta quarta-feira, 15 de março. A Proposta de Emenda Constitucional 287, projeto do presidente Michel Temer, altera as atuais regras da aposentadoria. Diversas organizações e personalidades políticas, dentre elas o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, participaram do ato, que começou às 16h e terminou no fim da noite. Segundo o ex-presidente, a previdência tem problemas, mas ao invés de retirar direitos da população brasileira, Temer e Meirelles deveriam fazer com que a economia volte a crescer, gerar empregos e aumentar os salários.

Fabiana, de 37 anos, moradora de Itaquera, Zona Leste de São Paulo, classificou a Reforma Previdenciária como um “golpe econômico” para toda a classe trabalhadora. “Caso a reforma aconteça eu vou me aposentar com 85 anos, lógico que eu não vou estar viva até lá”, lamentou. Também se posicionou contra a medida o metalúrgico do ABC, Carlos Lopes, de 42 anos. Para ele, “quem trabalha na cadeira produtiva não vai aguentar trabalhar até os 70 anos, vai morrer antes. É a volta da escravidão”.

Reforma da Previdência

Para Maria Solange Xavier, de 65 anos, a medida é ainda mais injusta com as mulheres. “A mulher trabalha mais que o homem, tem o lar, o trabalho, os filhos, a casa no conjunto. Sempre fomos desrespeitadas e injustiçadas”. Se implementada, a reforma fará com que homens e mulheres devam ter a mesma idade mínima para se aposentar: 65 anos. Isso num país em que a mulher tem dupla jornada, trabalha fora e dentro de casa, e chega a ganhar até 30% a menos do que os homens para realizar o mesmo serviço.

Além disso, a nova regra exigirá 49 anos de contribuição com carteira assinada para que a população receba a aposentadoria integral, atualmente são 25 anos. Para alguém se aposentar aos 65 anos, deve começar a trabalhar aos 16 anos com carteira assinada ininterruptamente.

As manifestações contra a Reforma da Previdência aconteceram em todas as capitais brasileiras e no Distrito Federal, além de cidades do interior, do campo e do litoral. Diversos setores da sociedade paralisaram suas atividades, como professores, a nível nacional, trabalhadores dos Correios em alguns estados e  metroviários em São Paulo, que fecharam algumas linhas de metrô durante o dia.