direito à cidade e justiça climática
Você sabia que, todo ano, as mudanças climáticas são responsáveis por mais de 150 mil mortes ao redor do mundo e que, num futuro próximo, este número pode ser muito maior? E que os grupos sociais mais afetados – como a população pobre, negra, moradora de áreas precárias – são os que menos contribuem para o agravamento da crise climática?
Estima-se que entre 2030 e 2050, 250 mil pessoas morram anualmente por consequência de desnutrição, malária, diarréia e estresse térmico, sem considerar outros efeitos causados pelas mudanças climáticas como: inundações, tempestades de areia, secas, furacões, incêndios e ondas de calor semelhantes às que observamos meses atrás.
Estes fenômenos, cada vez mais intensos e frequentes, dispararam os alarmes para a situação de emergência em que se encontra o planeta. Entretanto, desde a 1ª Conferência Mundial sobre o Meio Ambiente, realizada 48 anos atrás, foram pouquíssimas as atitudes adotadas por lideranças políticas para proteger o meio ambiente e enfrentar, verdadeiramente, as mudanças climáticas.
Neste momento, por exemplo, mais de 100 países encontram-se reunidos em Glasgow, para participar da 26ª edição da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP26), que começou dia 31. Algumas metas, inclusive, já foram estabelecidas, como a redução em 30% da emissão de gás metano, principal causador do efeito estufa.
Entretanto, não bastam promessas vazias ou compromissos que não estejam estreitamente vinculados a mudanças profundas de enfrentamento às desigualdades na sociedade, pois de nada vale a tentativa de construir um futuro ecologicamente equilibrado, enquanto perpetua-se um sistema que é fundamentado na acumulação de capital e em estruturas de opressão e dominação. Não podemos ignorar o fato que inúmeras cidades ao redor do mundo são fortemente marcadas pela desigualdade sócio-territorial, que condiciona os mais vulneráveis à precariedade urbana e, consequentemente, aos efeitos mais intensos da crise climática.
Enquanto uma instituição que atua na defesa do Direito à Cidade, acreditamos que este deve ser parte fundamental da luta contra as mudanças climáticas, mas para isso é preciso que as cidades assumam pacto coletivo em prol de uma outra urbanização: mais justa, resiliente, participativa e comprometida tanto com a redistribuição de recursos e oportunidades, quanto com efetivação da justiça climática e ambiental.
Se você se interessa por este assunto e quer saber mais, recomendamos que confira a publicação que acabamos de lançar junto com a Plataforma Global pelo Direito à Cidade, rede da qual fazemos parte: “Direito à Cidade: caminhos para a Justiça climática”.