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Convivência, paz e o direito à interculturalidade

24/09/2013

 

Integrando as atividades do Encontro Nacional – Conviver em Paz nas Cidades, na sexta-feira (20), o Pontão Pólis realizou o círculo de diálogo Ajayu: Cultura Viva e Interculturalidade na América Latina, com a participação de representantes de pontos de cultura de diversos estados brasileiros e as falas inspiradoras de Antonieta Dertkigil, Eleilson Leite, Jorge Blandón, Juan Brizuela, Hamilton Faria e Pedro Vasconcellos.
Para dar início ao encontro, o mediador do círculo, Valmir de Souza falou sobre a criação de espaço de escuta e trocas entre os povos latinos-americanos, “dão novas perspectivas de trocas simbólicas que extrapolam as relações e disputas econômicas, elas criam sentidos culturais e espirituais. A interculturalidade é uma expansão da diversidade cultural, o encontro real das culturas”.
Rene, representando o Caribe, falou sobre o título do encontro Ajayu “é um termo aimará, significa espírito: individual e coletivo”. Abrindo as falas inspiradoras, Hamilton Faria, poeta e coordenador do Pontão Pólis, trouxe a compreensão de que Ajay “é a nossa entrada no mundo ancestral, a energia que move e viabiliza as raízes”.
Tendo como ponto de partida a experiência do 1º Congresso Latinoamericano Cultura Viva Comunitária, que aconteceu em maio na cidade de La Paz, Antonieta Dertkigil (Sec. Estadual de Cultura) relembrou que a diversidade intercultural extrapola a criação de produtos culturais, “ela passa, também, pelos cheiros, comida, sotaques e outros espaços de trocas simbólicas” que na Bolívia puderam ser vividos e experienciados. Nas palavras da coordenadora dos pontos de cultura da SEC “a interculturalidade existe por que existe troca, educação e ética”.
O diretor teatral, integrante do coletivo Puente, Jorge Blandón (Colômbia) relembrou a relação do campo e do saber, locais de onde provem a vida e a sabedoria para construção das relações interculturais. “A cultura viva e a interculturalidade são importantes para construção de um projeto político que permita reconhecer o nosso ajayu”, afirmou Blandón. Jorge, relembrou que o congresso Cultura Viva foi um encontro genuíno com as vozes latinoamericanas, um espaço de conexão com os “baobás, as árvores míticas que preservamos”.
O coordenador da Ação Educativa, Eleilson Leite destacou a necessidade e importância das interculturalidade internas, “às vezes estamos de costas para nossa própria interculturalidade” e trouxe como exemplo as relações interculturais da periferia paulista com a utilização do espaço público, a criação de dinâmicas de experimentação e suas referências e diálogos com as matrizes africanas.
Pedro Vasconcellos (MINC) observou que “hoje estão estabelecidas condições políticas e culturais para o dialogo intercultural” e ponderou que o monopólio das comunicações e os conflitos de interesses nos aparelhos midiáticos, se relacionam diretamente com a troca simbólica e as relações interculturais no continente.
O pesquisador Juan Brizuela (UFBA) convidou o grupo para dançar e apontou que a interculturalidade é “um diálogo e igualdade entre lógicas, valores, raízes, pessoas e tradições num processo de mútua aprendizagem”.
A coordenadora do Ilu Obá de Min, Baby Amorim que destacou “a descolonização dos corpos” como sendo a possibilidade de troca, experimentação para criação simbólica entre os povos.
O encontro transmitido ao vivo, pode ser assistido no youtube:
Assista o vídeo do Assalto Poético em La Paz, durante o Congresso Cultura Viva Comunitária
Veja a galeria de fotos do Congresso Latinoamericano Cultura Viva Comunitária (Bolívia – La Paz)