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Paraisópolis tem melhor controle da pandemia que o município de São Paulo

31/07/2020

A pandemia da covid-19 está se espalhando de maneira heterogênea pelo município de São Paulo. Apesar de o vírus ter aparecido primeiro na zona sudoeste da cidade, uma das mais ricas, diversos fatores combinados contribuíram para que a doença atingisse áreas de maior vulnerabilidade. A impossibilidade de se isolar, dada a necessidade imperativa de sair para trabalhar, é um dos aspectos que mais expõe a população de áreas mais empobrecidas, como favelas. Mas o estigma de territórios informais, vulneráveis e que apresentam precariedades não é determinante para a forma como a epidemia se instala em cada território.
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Esse é o caso de Paraisópolis, uma das maiores favelas brasileiras, com mais de 70 mil habitantes. Inserida no distrito de Vila Andrade (zona sul da capital paulista), que abrange bairros como Morumbi, a comunidade vem implementando um conjunto de ações integradas em parceria com organizações da sociedade civil para conter a difusão da pandemia. Esse esforço fez com que a favela apresentasse, em 18/5/2020, taxa de mortalidade por covid-19 de 21,7 pessoas por 100 mil habitantes, enquanto a Vila Andrade como um todo registrava 30,6 mortes a cada 100 mil habitantes. O índice também está abaixo da média municipal (56,2).

 

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Entre as estratégias de Paraisópolis, destaca-se o sistema de “presidentes de rua” em que voluntários ficam responsáveis por monitorar famílias para possíveis sintomas da covid-19, e dar encaminhamento correto àqueles que apresentaram sintomas. A comunidade contratou ambulâncias e médicos para atendimento dos sintomáticos. Também foram capacitados moradores como socorristas para apoiar bases de emergência criadas com a presença de bombeiros civis. Além disso, foram utilizadas duas escolas públicas cedidas pelo governo estadual, após pedido da associação de moradores, para garantir o isolamento de pessoas infectadas, principalmente das que possuem famílias numerosas e/ou moram em casas pequenas.
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Paraisópolis deve servir como exemplo para uma política pública de contenção do vírus, que poderia ser replicada, como uma política de Estado, em outros territórios vulneráveis.
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Leia nosso texto “Contexto territorial e ação coletiva no enfrentamento da covid-19“, publicado no portal Opera Mundi.