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‘São Paulo não tem uma presença cultural correspondente à sua produção econômica’, diz o secretário de Cultura, Juca Ferreira

02/08/2013

Em reunião do Conselho da Cidade realizada no dia 2 de agosto, o secretário municipal de Cultura, Juca Ferreira, se reuniu com os conselheiros e membros da sociedade civil, na Secretaria de Cultura.

“Diálogos, diálogos, diálogos: essa é a saída”, disse o secretário em sua fala de abertura.

Para ele, a resposta para uma falta de políticas culturais e de estruturas para a área de Cultura é criar um sistema de cultura a partir de diálogos territoriais, diálogos temáticos e da diversidade.

“Os equipamentos culturais da cidade estão situados no centro expandido. Há uma necessidade de se expandir esses bens de serviços culturais para todos os bairros da cidade”, disse.

Segundo Juca Ferreira, é preciso transformar as características de São Paulo em um bem, estabelecer um ativo patrimonial da cidade e possibilitar a economia da cultura. “São Paulo não tem uma presença cultural correspondente à sua produção econômica, não estabelece, por exemplo, relações mais intensas com a África e com os países árabes. Há ainda um certo provincianismo cultural na cidade.”

“Hoje, estamos com o menor orçamento dos últimos 3 anos. Mas contamos com apoio do prefeito [Fernando Haddad] para essa transformação cultural da cidade. O prefeito sempre começa o seu discurso com referências à cultura.”

O secretário reforçou ainda a importância dos CEUs como equipamentos das comunidades e disse que as Casas de Cultura irão se integrar  à Secretaria de Cultura, em sua gestão, e que será estimulada a formação cultural.

Transformar a diversidade em cidade

O poeta e coordenador da área de Cultura do Pólis, Hamilton Faria, esteve presente e, em sua fala, reforçou a importância do processo das Conferências de Cultura e de suas pré-conferências, destacando os eixos que serão debatidos na Conferência.

Mencionou o primeiro eixo da Conferência Municipal de Cultura, que trata da criação do Sistema Municipal de Cultura. Sobre o segundo eixo, a respeito da produção simbólica e a diversidade cultural, Faria destacou a importância da transformação da diversidade em cidade, para que seus habitantes tenham direito à cidade.

Sobre o terceiro eixo, que trata da cidadania e da diversidade cultural, o diretor do Pólis destacou a importância das comunidades tradicionais, dos terreiros, dos indígenas e dos fluxos entre os diversos seguimentos culturais. E, a respeito do quarto eixo, sobre cultura e desenvolvimento, reafirmou a importância de uma ação integrada na cidade, voltada para o desenvolvimento sustentável, com a formação de agentes culturais.

Convivência e Cultura de Paz

Por fim, Faria destacou a importância da convivência em paz nas cidades e mencionou o Encontro Nacional Conviver em Paz nas Cidades, que acontece de 19 a 21 de setembro, em São Paulo.

Durante o encontro, foram apresentadas propostas a respeito da democratização dos meios de comunicação, da aprovação da PEC 150, da criação do Sistema Municipal de Cultura (CPF), das relações entre cultura e educação, além da questão da desburocratização do uso do espaço público e da criação de políticas para os jovens.

O diretor do Internacional do Teatro, Ney Piacentini, destacou o novo momento da cidade e o processo de democratização da cultura, retomando o fio histórico desde a realização da I Conferência de Cultura e das contribuições dos vários movimentos culturais, entre eles, o Arte contra a Barbárie.

O senador Eduardo Suplicy disse que “a vida cultural de São Paulo pode canalizar a energia da cidade da violência para o diálogo e pode confrontar a força física com a força da alma”.

Participaram do encontro a Fundação Palmares, a Une, a Cooperativa Paulista de Teatro, o Instituto Internacional do Teatro, o Conpresp (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental), entre outras organizações.