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Secretário de Serviços de SP e especialistas em Meio Ambiente participam da Oficina de Resíduos Sólidos realizada no Pólis

18/06/2013

Encerrando o ciclo da oficina “Alternativa de Tratamento de Resíduos Sólidos Urbanos”, que aconteceu de 12 a 17 de junho, Kevin Drew, da prefeitura de São Francisco, na Califórnia, apresentou ontem no Instituto Pólis, em São Paulo, o programa Resíduo Zero, que ele desenvolveu nos Estados Unidos.

Participaram da mesa de debates Elisabeth Grimberg, coordenadora de Resíduos Sólidos do Pólis,  Simão Pedro, secretário de Serviços do município de São Paulo, Silvano Silvério da Costa, presidente da AMLURB/SP, e Roberto Kishinami, especialista em Energia, Meio Ambiente e Mudanças do Clima. Estiveram presentes membros da sociedade civil interessados no tema e catadores representantes de cooperativas de coleta seletiva de São Paulo.

Kevin Drew começou revelando a importância de se tratar os resíduos sólidos e olhar para a porção úmida (restos de alimentos e podas). “Quando vemos uma montanha de restos de comida nos aterros sanitários, nos perguntamos: por que tanta comida foi jogada fora e por que eles foram parar nos aterros?”

Segundo ele, o reaproveitamento da porção orgânica traz benefícios como o aproveitamento do gás metano para a geração de energia, a preservação da atmosfera, ao se evitar que as partículas de carbono geradas nos aterros sanitários sejam lançadas,  além do melhor aproveitamento dos aterros.

Em São Francisco, na Califórnia, o programa Resíduo Zero orienta a população sobre como lidar com o resíduo úmido e também resgata os alimentos jogados indevidamente nos aterros. E, esse reaproveitamento, também permitiu gerar 3 milhões de galões de combustível, utilizado no transporte público de São Francisco.

Foi possível também, segundo Drew, reduzir o volume do tráfego de caminhões que antes carregavam esses resíduos para fora da cidade.

Drew, durante a oficina realizada em São Paulo, no dia 17 de junho, ressaltou que não se deve nunca esquecer o que já é feito no município, antes de embarcar numa nova aventura.

Para ele, que realizou oficinas também em Itanhaém (12), Guarujá (13) e Ubatuba (14), “as cidades do litoral paulista estão muito preparadas para implantar sistemas de biodigestão. As condições são boas e favoráveis para que tome uma atitude rapidamente”, disse.

Ele conheceu os diagnósticos Urbano Socioambientais realizados pelo  projeto Litoral Sustentável – Desenvolvimento com Inclusão Social, do Instituto Pólis, para o Litoral Norte e a Baixada Santista.

E diz que “o Instituto Pólis tem realizado um papel importante ao promover diálogos com a população do litoral sobre o sistema de biodigestão”.

Sobre as primeiras impressões a respeito da região litorânea paulista disse: “É impressionante como existe a industrialização dessas áreas costeiras. É importante pensar como os lucros [da exploração do petróleo] serão dividos com a população local. A razão de termos o programa Resíduo Zero em São Francisco é justamente a grande extensão da costa na Califórnia e a concentração de riquezas nesse território. Los Angeles também foi desenvolvida junto com a indústria do Petróleo”.

Segundo o secretário de Serviços do município de São Paulo, Simão Pedro, “a cidade de São Paulo tem uma lei de 2002, mas não tem uma política de resíduos sólidos”.

Ele afirmou que se comprometerá a ampliar a coleta seletiva de 1,8% para 10% no município. E que a prefeitura deve construir mais quatro centrais mecanizadas para a coleta, além de investir nas centrais de triagem que já existem e capacitar os catadores. Nessa empreitada devem ser investidos R$ 107 milhões, diz o secretário, que afirma ainda aguardar a liberação da verba pelo BNDS (Banco Nacional do Desenvolvimento).

Para ele, o processo de discussão sobre os resíduos úmidos (51% dos resíduos no município de São Paulo) foi iniciada e continuará nas Conferências Municipais do Meio Ambiente e na IV Conferência Nacional do Meio Ambiente, que acontecerá de 24 a 27 de outubro, em Brasília.

Durante o debate, Silvano Silvério da Costa, presidente da AMLURB/SP, disse que um sério problema hoje é o descarte irregular de resíduos da construção civil. Segundo Silvério, foram encontrados mais de 1.183 pontos de descarte irregular dessa atividade em oito subprefeituras paulistas.

“Precisamos elaborar um diagnóstico participativo da cidade sobre os resíduos rurais, da Saúde e as demandas do setor agrícola”, diz Silvério.

Os representantes das centrais de catadores reclamaram na má remuneração do catador, da falta de benefícios (como aposentadoria, férias e 13o salário) e da exclusão desse profissional do processo de expansão das centrais de triagem.

Segundo Kevin Drew, em São Francisco, onde residem cerca ce 800 mil habitantes, há 2.000 catadores oficiais, que recebem cerca de 20 dólares por hora trabalhada, além de receberem aposentadoria e FGTS.

Para Roberto Kishinami, especialista em Energia, Meio Ambiente, e Mudança do Clima, é preciso gerir os resíduos secos e os úmidos com estratégias diferentes. “O material seco necessita de concentração para ganhar escala. Já os úmidos quando tratados em instalações muito grandes apresentam problemas como a disponibilidade de plantas e aumento do tráfego de pessoas e veículos próximo ao local, o que se revela como antieconômico”.

 

Energia e mudanças climáticas

“Precisamos reduzir a quantidade de consumo de energia e o tamanho dos aterros sanitários, pois os aterros produzem grande quantidade de gás metano”, disse Drew.

Por isso, ele explica, a porção orgânica é o foco da discussão hoje em dia. “Os ambientalistas vêm falando muito do plástico e têm deixado de lado a questão dos orgânicos”.

“Precisamos entender que o desperdício zero [técnica aplicada com o uso de biodigestores na Califórnia] pode reduzir drasticamente  a quantidade de carbono na atmosfera. Com a biodigestão é possível reaproveitar grande parte do carbono”, diz.

Confira aqui a apresentação de Drew sobre rotas tecnológicas de tratamento de resíduos sólidos, em especial o sistema de biodigestão, amplamente utilizado no norte da Califórnia.