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#VOZESdoPolis pelo Henrique Frota

13/04/2018

“Depois de um mês e meio, finalmente chego em casa e tenho a alegria de receber os livros da Djamila Ribeiro, da Ju Borges Silva o Adilson J. Moreira. Maior emoção!

Há uns anos atrás (não muitos, porque sou xóvem), eu nem me dava conta de que os livros que lia eram na grande maioria escritos por homens brancos. Essa simplesmente não era uma questão pra mim, certamente por ter introjetado que o meu lugar de fala era o normal e que nada mais óbvio do que a produção e a circulação do conhecimento privilegiassem essa visão de mundo. Aliás, privilégio nem era uma percepção minha, uma vez que a medida do mundo era mesmo branca e masculina.

Tempos depois, ao ler ‘A Verdadeira História do Direito Constitucional no Brasil’, do Wilson Prudente, senti um abalo nas minhas convicções sobre o mundo jurídico. Em seguida, quase morri de emoção com a Ana Maria Gonçalves e seu romance ‘Um Defeito de Cor’. Essas obras, com essa sensibilidade e crítica, estavam carregadas pela cor e histórias de seus autores.

Daí aprendi com a Jessica Tavares e com a Joice Berth a problematizar o que parecia normal sob a perspectiva do meu lugar de fala. Conversar com essas incríveis mulheres negras, assim como ler o Adilson, a Juliana e a Djamila, está mudando a forma como me vejo no mundo. É um esforço diário de vigilância e aprendizagem (com muita pisada de bola no meio do caminho), mas tô indo.”

Henrique Frota, coordenador executivo e integrante da equipe Direito à Cidade do Instituto Pólis.