Galeria Olido recebe jovens monitores/as culturais para formação sobre produção
Assista o vídeo da produção
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Confira a cobertura do debate realizado pelo Instituto Pólis durante a Semana da Mobilidade
Andar de bicicleta pode alterar nossa percepção de cidade? Esse meio de transporte se entrelaça a outros movimentos e lutas sociais? É possível construirmos uma mobilidade cultural a partir do pedal? Essas foram algumas das pautas abordadas no debate sobre espaço urbano, promovido no âmbito do Programa Jovem Monitor Cultural (PJMC), articulado pelo Instituto Pólis, durante a Semana da Mobilidade 2015.
“Com a bike, você consegue sentir o cheiro; escutar a cidade; ver o espaço de outra maneira” relatou Luiz Barata, coordenador de gestão do PJMC e mediador da mesa. Ao fazer a abertura do debate, o coordenador mencionou a primeira pedalada pelo centro de São Paulo, organizada pelo Instituto Pólis.
A bicicleta pode ser considerada um instrumento revolucionário. No entanto, segundo Talita Noguchi, sócia proprietária da loja Las Magrelas e integrante do Coletivo Feminista de Ciclismo Pedalinas, depende de quem a pedala. “O ativismo da mobilidade é importante, mas por si só ele não é a solução˜, afirma Noguchi. O recorte de gênero, por exemplo, é intrínseco ao cicloativismo, pois a mulher ainda encontra dificuldades em ocupar o espaço público, devido a assédios nas ruas.
Para Marina Harkot, integrante do GT de gênero do Ciclocidade, andar de bicicleta na cidade pode ser perigoso para as mulheres. Em São Paulo, cerca de 6% dos ciclistas são mulheres. Segundo Harkot, a baixa porcentagem é reflexo do medo que a classe feminina têm da rua e da ausência de estímulo às mulheres ao esporte.
Quando a pauta é mobilidade urbana, além do recorte de gênero, é necessário um recorte de classes. Roberson Miguel, membro do movimento Ciclovia nas Periferias, acredita que devemos desconstruir a ideia de que bicicleta e transporte público são exclusivos de determinadas camadas sociais. A bicicleta é um instrumento democrático capaz de proporcionar uma vivência mais intensa do espaço urbano.
Além fazer intersecções com movimentos sociais, será que a bicicleta pode ser um meio de disseminar arte? Para Gustavo Guimarães, idealizador e diretor do Ciclistas Bonequeiros, tudo indica que sim. O grupo mescla a linguagem do teatro lambe-lambe com a mobilidade da bike. Essa técnica teatral utiliza uma caixa preta como espaço cênico e bonecos como personagens. Segundo Guimarães, a cidade é palco para a dramaturgia com bonecos. O projeto é uma maneira de democratizar a prática teatral e questionar a política carrocrática na qual estamos inseridos.
A mídia é uma das responsáveis pela construção da ideia de que carro deve ser a norma e nunca é culpado pelos acidentes de trânsito envolvendo ciclistas.”Onde está o discurso do capacete?”, indagou o cicloativista Gabriel Di Perro. Propaga-se, assim, a noção de que os ciclistas e pedestres devem se proteger de seus próprios atropelamentos. Segundo Di Perro, existe uma lógica de que a culpa deve recair naqueles que se arriscam demais – no caso, nos ciclistas.
Da esquerda para a direita: Roberson Miguel, Talita Noguchi, Marina Harkot, João Whitaker, Gabriel Di Perro, Gustavo Guimarães e Luiz Barata
A mobilidade, que nunca foi satisfatória entre os mais pobres, entrou em colapso a partir do momento em que passou a afetar as classes dominantes. De acordo com o urbanista João Whitaker, o automóvel mostrou-se um transporte anti-sustentável. A qualidade do sistema de mobilidade de uma cidade pode ser avaliada pela capacidade de deslocamento da população. Segundo Whitaker, se não há deslocamento, não há cidade.
A rapidez dos transportes mede o nível de democracia de determinado local. Sobre São Paulo, o urbanista defende que vivemos uma peculiaridade urbana: aqui existem políticas de privilégios e barreiras sociais. Ao se tentar desconstruir essa lógica – como está acontecendo agora com o aumento de investimentos em transportes públicos de massa – há uma reação violenta, que evidencia os antagonismos sociais da cidade.
O Instituto Pólis, a partir do Programa Jovem Monitor Cultural, deu espaço para que os jovens pudessem vivenciar a Semana da Mobilidade por meio da 1ª Pedalada, pelo centro da cidade, e do debate narrado. A bicicleta vai além da mobilidade: pode transportar movimentos sociais, culturas e até mesmo uma revolução.
Assista ao vídeo do debate:
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Instituto Pólis promove pedalada pelo direito à cidade como ação da Semana da Mobilidade
A 3ª Conferência Nacional de Juventude, que acontecerá de 16 a 19 de dezembro, em Brasília, vai trazer diversas manifestações científicas, artísticas e culturais. Jovens de 15 a 29 anos, de todo o país, já podem se inscrever até 18 de outubro.
Teatro, dança, música, artes visuais, cinema, artes integradas, além de atividades culturais, científicas, acadêmicas – teóricas e práticas – vão fazer parte da programação da “Manifesta”, um espaço pensado para promover o reconhecimento e a visibilidade de manifestações da juventude brasileira.
Critérios de seleção
A seleção vai levar em conta critérios como criatividade, qualidade, impacto e relevância da atividade artística, científica ou cultural diante dos objetivos da 3a Conferência Nacional de Juventude, a participação do/a proponente em etapas da Conferência e a abertura da proposta para a interação e participação do público.
Serão 250 jovens selecionados em atividades individuais e coletivas. A Secretaria Nacional de Juventude (SNJ) vai custear as passagens, hospedagem e alimentação de todos os envolvidos nos projetos, além de certificar a participação no evento. Para se inscrever, os jovens devem preencher a Formulário de Inscrição no site da Conferência, que será divulgado em breve.
Participe, vem manifestar na 3ª Conferência Nacional de Juventude!
Leia a chamada_pública_na íntegra
Instituto Pólis
Instituto Pombas Urbanas
II Encontro de Cultura Viva Comunitária acontecerá em El Salvador de 27 a 31 de outubro
Ajayu é uma palavra do mundo andino que expressa a energia que dá movimento a vida, verdadeira onda vibratória que flui no universo; pode ser a alma que está presente em cada um dos seres vivos e em cada elemento do cosmos; força espiritual que contém sentimentos e razão; energia vital. Com este sentimento o Instituto Pólis e o Instituto Pombas Urbanas deram início, no dia 17 de agosto de 2015, a mais um Ajayu, desta vez preparando o II Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, que acontecerá em outubro de 2015, em El Salvador. O evento reuniu 115 pessoas, muitas delas participantes do I Congresso, realizado em La Paz, Bolívia.
O encontro contou com a presença do grupo chileno Aleph, de Jorge Blandon, da Corporación Nuestra gente, de Medellin; de Cézar Escuza, do grupo peruano Vichama; do historiador e escritor Célio Turino; Alexandre Santini do Ministério da Cultura; Nabil Bonduki, secretário municipal de cultura e Natalia Cunha, representante da Secretaria Estadual de Cultura do Estado de São Paulo; além de dezenas de representantes de ONGs, associações e movimentos culturais da cidade. O Encontro foi mediado pelo poeta Hamilton Faria, coordenador de cultura do Instituto Pólis e pela equipe do Pontão de Cultura de Paz (Martha, Wanda, Barata, Ira). Clodoaldo Santos, técnico de TI montou a conversação em streaming com Maurlen e Sara, coordenadoras do Congresso. Adriano Mauriz, coordenou a vinda de grupos teatrais latino-americanos.
No Encontro também foram lidas mensagens de Ines Sanguinetti (Argentina), Davy Alexandrisky (Rio de Janeiro), Ivan Nogales (Bolivia) e Dan Baron (Amazônia). As mensagens irradiaram um clima de fraternidade e poesia e contribuíram para a energia do Encontro.
A proposta era realizar um encontro cultural e poético que gerasse aglutinação para o Congresso, com reflexões sobre a importância da Rede Cultura Viva e com propostas a serem desenvolvidas para preparar o evento.
Um momento de vibração e arte povoou o Encontro; diálogos, discursos, conversas, principalmente testemunhos de vários países. A energia de Ajayu contaminou mais uma vez o ambiente, trazendo sentimentos construtivos para a consolidação da Rede Cultura Viva Comunitária nos vários países da América Latina.
Das várias falas pode-se destacar:
– a importância do encontro para a preparação do Congresso; a presença de Brasil, Colômbia, Peru, Bolivia e França;
– a presença da rede na América Latina e sua atuação;
– a presença da música e da poesia trazendo a memória, sentimentos e sensações da América Latina;
– a cultura biocêntrica em curso a partir do direito à vida e do bem viver (Teko Porã);
– a importância do conhecimento dos povos ancestrais e da memória como formadora da diversidade e da identidade;
– a importância da aprovação da Lei Cultura Viva no Brasil e a sua reverberação em outros países do continente;
– o envolvimento do Minc (compromete-se a apoiar ida de 30 a 40 pessoas), da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo e da Secretaria de Estado da Cultura que manifestaram a disposição de apoiar a ida de congressistas;
– a importância do Cultura Viva na afirmação e defesa da democracia;
– reconhecer a cidadania cultural e potencializar atores para ampliar o sentido da cultura de paz, desenvolvendo o diálogo intercultural;
– a importância das escolas vivas comunitárias como proposta da Cultura Viva;
– manifestações contra os sentimentos de ódio, intolerância e conservadorismo; especialmente homofobia, violência contra negros, discriminação contra migrantes e imigrantes;
– ocupações de espaços públicos por coletivos culturais;
– fortalecer o protagonismo cultural de crianças, adolescentes e jovens;
– importância da natureza e do sagrado das culturas tradicionais para o fortalecimento da Cultura Viva Comunitária;
– criar espaços para escutar a cultura amazônica;
– a importância da convivência na construção do bem comum;
– a Rede Cultura Viva Comunitária deve ser expressão da cultura de paz na América Latina e pode incorporar os nossos potenciais afetivos e culturais;
– manter acesso o fogo e o abraço de Ajayu na América Latina, a essência que nos faz vivos;
– que nosso Ajayu venha nos habitar de novo, que Ajayu esteja conosco no II Congresso de El Salvador;
– um grito final de celebração: Ajayu!
do Pontão de Convivência e Cultura de Paz do Instituto Pólis
Como promover articulações e espaços de diálogo nos mais diversos territórios de uma cidade como São Paulo, com 11,89 milhões de habitantes? Para superar esse desafio, a Secretaria Municipal de Cultura (SMC) iniciou em 2014 uma política de territorialização, apresentada aos/as jovens monitores/as na formação teórica do Programa Jovem Monitor Cultural (PJMC) desenvolvido pelo Instituto Pólis, no dia 08 de junho.
De acordo com Luciana Lima, assessora do Gabinete da SMC, a secretaria tem um histórico de discussão sobre territorialização, mas nunca se estruturou de modo a alcançar as várias regiões da cidade. “O nosso dilema era esse, como promover a articulação territorial sabendo que não conseguiremos ter no curto prazo ‘braços’ territoriais com pessoas dedicadas exclusivamente a isso”.
Um dos objetivos dessa política é promover as articulações do território, fazendo com que os/as envolvidos/as com a ação cultural dessas regiões se encontrem e tenham mais espaço de diálogo e de construção conjunta, ampliando, também, o diálogo da estrutura centralizada da secretaria com aquilo que acontece nos territórios.
“Temos a necessidade de também levar as iniciativas da secretaria como um todo e ouvir um pouco mais daquilo que está acontecendo na ponta, de quais são as possibilidades de pensarmos numa atuação conjunta, de quais são as questões mais urgentes e as dificuldades”, explica Luciana.
Uma primeira ação foi trabalhar, junto à gestão dos quase 200 equipamentos da SMC (incluindo, bibliotecas, teatros e centros culturais), a partir dos comitês regionais de articulação territorial propostos no Seminário “SMC no Território – articulando as políticas culturais na cidade de São Paulo”, realizado em dezembro de 2014. Os comitês foram estruturados em nove macrorregiões que contemplam todas as zonas da cidade.
Para pensar as ações de territorialização, foram criadas quatro frentes de trabalho: Comunicação; Articulação com a sociedade civil; Articulação com governo local e outras secretarias; e Estruturação da própria política de territorialização. Para Luciana, as duas primeiras frentes tiveram destaque, possibilitando a identificação de demandas comuns das macrorregiões.
“Começamos, de fato, a concretizar as ações a partir das reuniões regionais. A ideia nunca foi levar do Gabinete da Secretaria Municipal de Cultura uma determinação do que as pessoas terão que fazer nas regiões. Foi sempre o inverso: vamos sentir quais são as principais necessidades e dificuldades para ver o que priorizamos e o que conseguimos avançar, apesar das inúmeras dificuldades”, afirma a assessora.
Continue lendo a matéria no link: https://www.polis.org.br/convivenciaepaz/?p=3516
No dia 27 de agosto, a Comissão de Educação da Câmara Municipal realizou a audiência pública do Plano do Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas da Cidade de São Paulo, que parte da lei (PL 168/2010) de autoria do presidente da Casa, vereador Antonio Dontato (PT). Participaram cerca de 100 pessoas, dentre vereadores, técnicos da Secretaria Municipal de Cultura, jovens de coletivos culturais, ONGs e público interessado.
Durante a audiência, participantes destacaram o processo participativo pelo qual o Plano passou até que se chegasse ao texto final, que, segundo o próprio autor do projeto, ainda deve ser aprimorado. Houve intensa participação da sociedade civil na construção da lei: foram audiências públicas e mais de 30 debates setoriais envolvendo representantes do executivo e da sociedade civil – que incluiu professores, editoras, escritores, saraus, CEU’s, bibliotecas comunitárias, dentre outros.
Também foram destaques a integração entre a cultura e a educação e a proposta de formação de leitores e mediadores de leitura. “A literatura e as bibliotecas foram definitivamente integradas ao Plano, entendendo o acesso a elas como parte de uma política de promoção dos direitos humanos”, comenta Hamilton Faria, coordenador da área de Cultura do Instituto Pólis e participante da audiência.
Para a sociedade civil, o desafio agora é monitorar a aprovação do Plano. O poder público ainda precisa encontrar fontes de financiamento para efetivá-lo, pois não existe verba específica para sustentar suas ações. O Plano Municipal de Cultura prevê a existência de um Fundo para executar as ações do Plano do Livro, o que certamente estará em discussão na Câmara.
Foto em destaque: André Bueno (CMSP)
Os editais do governo federal irão selecionar projetos inscritos por prefeituras em diferentes áreas do setor cultural
O governo federal quer estimular a promoção de projetos culturais em cidades de todo o Brasil. Quatro editais que totalizam 15 milhões foram lançados nesta quarta-feira (5) e recebem propostas municipais de 17 agosto a 30 de setembro.
Os editais irão selecionar propostas inscritas por prefeituras ou por seus órgãos de municípios que sigam as diretrizes e critérios constantes do Plano de Trabalho Anual do Fundo Nacional da Cultura. Os projetos contemplados deverão ter período de execução de até 24 meses.
Para se inscreverem, os municípios deverão estar com seus acordos de cooperação federativos vigentes e com seus Sistemas Municipais de Cultura instituídos por leis próprias publicadas, ou ao menos com o projeto de lei finalizado.
Veja abaixo o resumo de cada edital e os setores culturais contemplados:
DLLLB
O edital da Diretoria do Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas (DLLLB) é divido em três categorias e conta com investimentos de R$ 4,2 milhões, destinados a municípios com até 50 mil habitantes; outra para municípios de 50.001 habitantes até 200 mil habitantes; e a terceira para municípios com mais de 200 mil habitantes.
Para a seleção, serão levados em conta os seguintes critérios: relevância; desdobramento (capacidade de gerar outras ações a partir de seus resultados); gestão (contribuição do projeto para o aprimoramento da gestão cultural, pública ou privada), entre outros.
SCDC
O edital da Diversidade Cultural não é dividido em categorias e conta com o valor total de R$ 3,8 milhões. O valor mínimo do repasse será de R$ 100 mil e poderão ser aprovados no máximo 38 projetos. Podem participar municípios cujo objetivo seja a implantação de Rede de Pontos de Cultura, conforme Política Nacional de Cultura Viva.
Entre os critérios de seleção serão observados o atendimento às diretrizes da Política Nacional de Cultura Viva; contribuição para o acesso à produção de bens culturais; a promoção da autoestima; a geração de oportunidades de emprego e renda; documentação e registro no município, entre outros.
Palmares
O edital da Fundação Cultural Palmares é dividido em três categorias: uma destinada aos municípios com até 50 mil habitantes; outra destinada aos municípios com população de 50.001 habitantes até 200.000 habitantes; e uma terceira dedicada aos municípios com mais de 200.000 habitantes, no valor total de R$ 3 milhões. O valor poderá abranger até 25 projetos, com período de execução de até dois anos.
As propostas devem prever o fomento de projetos e programas que contribuam com a proteção e a promoção da diversidade de manifestações culturais de comunidades tradicionais, de maneira que estimulem a transmissão de conhecimentos culturais para as novas gerações.
SAv
O edital do sistema da Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura (SAv/MinC) conta com R$ 3,8 milhões tem como objetivo apoiar a implantação de sistemas audiovisuais para aquisição de equipamentos abrangendo as seguintes políticas: Núcleo de Produção Audiovisual (NPDs), composto por oficinas e cursos de capacitação e aperfeiçoamento técnico; fortalecendo a rede de exibição não-comercial, e o Canal da Cidadania, entre outros.
As propostas serão utilizados como critérios: relevância; gestão; impacto territorial e alcance; transversalidade; desdobramento e sustentabilidade (capacidade de assegurar a continuidade das ações contempladas neste edital).
Espetáculo “Carne – Patriarcado e capitalismo”, da Kiwi Companhia de Teatro, e Sarau Junino compuseram momentos de encontro
do Pontão de Convivência e Cultura de Paz do Instituto Pólis
Com o objetivo de promover o encontro entre todos/as os/as jovens monitores/as culturais que atuam nos equipamentos públicos de São Paulo, a Ação Educativa e o Instituto Pólis organizaram formações do Programa Jovem Monitor/a Cultural em conjunto, com a ideia de fomentar trocas de experiências entre os/as jovens, bem como fortalecer a política pública na cidade.
O primeiro encontro ocorreu na tarde da segunda-feira (01/06) para prestigiar o espetáculo “Carne – Patriarcado e capitalismo”, da Kiwi Companhia de Teatro. Com larga trajetória na discussão de temas sociais e políticos através do teatro, a Kiwi iniciou as apresentações públicas deste espetáculo ainda em 2010, com o objetivo de provocar discussões em torno das relações profundas entre patriarcado e capitalismo. Para a montagem, o grupo se inspirou em autoras como Elfriede Jelinek, prêmio Nobel de Literatura em 2004, e Michelle Perrot, historiadora e professora emérita da Universidade Paris VII.
A peça apresenta duas mulheres em cena, que atuam, cantam, utilizam objetos domésticos e pintam-se obsessivamente. Intercaladas às cenas, são apresentadas estatísticas sobre as violências cometidas contra as mulheres no país, além de imagens publicitárias e de artistas contemporâneos. O objetivo é escancarar a desigualdade de gênero e o panorama desse tipo de opressão, em especial a situação específica da violência contra as mulheres no Brasil.
De acordo com estudos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), no período de 2001 a 2011, estima-se que ocorreram mais de 50 mil feminicídios (mortes de mulheres decorrentes de conflitos de gênero) no Brasil. Tal número configura aproximadamente 5.000 mortes por ano. Vale destacar que grande parte desses crimes estão ligados à violência doméstica e familiar. Veja mais aqui.
O projeto “Carne” vai além do trabalho cênico. Incluiu também debates e oficinas, que abordaram as temáticas centrais do trabalho: feminismo, marxismo, patriarcado e capitalismo. Somente o trabalho cênico de “Carne” foi apresentado mais de 70 vezes em todas as regiões da cidade de São Paulo, sempre em parceria com coletivos artísticos, movimentos sociais e organizações populares.
Após a apresentação, o grupo de jovens monitores/as culturais das duas organizações falou sobre as questões apresentadas na peça, trouxe perguntas sobre o processo de construção do trabalho, as possibilidades da linguagem teatral, as políticas públicas que tratam do tema, o feminismo, a violência e a opressão de gênero. Confira alguns momentos desse dia, as falas da atriz Fernanda Azevedo e da jovem monitora Mirna Neit Félix, que atua no Teatro Décio de Almeida Prado:
Já no mês de junho, aproveitando o clima junino da época, os/as jovens monitores/as se reuniram em um sarau junino no CCJ – Centro Cultural da Juventude na segunda-feira (29/06).
Pela manhã, os/as jovens do próprio espaço apresentaram os eixos e as atuações do centro cultural através de um passeio pelo local. À tarde, o Sarauzão Junino dos Jovens Monitores/as Culturais foi o momento de reunião do coletivo, em que foram apresentadas poesias autorais e de escritores/as reconhecidos/as, músicas, encenações e performances.
A banda de forró pé de serra Trio Macaíba, formada pelos músicos Cleber Almeida, Beto Corrêa e Ramon Vieira conduzindo instrumentos como sanfona, triângulo e zabumba, tocou a festa após o sarau. Veja a opinião da jovem monitora Mayara Dias, que atua no CCJ:
Saiba mais:
Veja o documentário “Carne”, que registrou parte do processo da Kiwi Companhia de Teatro com o trabalho.
No dia 17 de agosto o Pontão de Convivencia e Cultura de Paz do Instituto Pólis realizou o AJAYU, encontro preparatório para o II Congresso Latinoamericano de Cultura Viva Comunitária, a ser realizado em outubro em El Salvador. O evento, realizado em parceria com o Instituto Pombas Urbanas, reuniu participantes do primeiro congresso, em La Paz, Bolívia, e interessados em construir ideias e propostas sobre a Cultura Viva na América Latina.
Marcaram presença os coletivos Filhos da Dita, Grupo de Circo e Teatro Palombar, Cia Aos Quatro Ventos, e As Três Marias, o Sol e a Lua. De fora do país, vieram o grupo chileno Aleph, integrantes da Corporación Cultural Nuestra Gente e o diretor Jorge Blandón, da Colômbia, o grupo peruano Vichama, de Cezar Escuza. Também compareceu o historiador, gestor cultural e escritor Célio Turino, criador do programa Cultura Viva. O evento também contou com representantes públicos: Alexandre Santini, do Ministério da Cultura (MinC), Nabil Bonduki, secretário municipal de cultura de São Paulo, e Natália Cunha, representante do governo do estado de São Paulo.
O encontro foi aberto a partir da leitura do poema Relógio de América, de Hamilton Faria, poeta e coordenador de Cultura do Instituto Pólis. Em roda, os participantes foram incentivados a fazer algumas respirações profundas para evocar o pleno estado de presença e, em seguida, convidados a apreciar canções de origens latinas. Entre “Mama Africa”, de Chico César, e “Gracias a la vida”, de Mercedes Sosa, foram relatados sentimentos como dor, alegria, “força para seguir em frente”, “espírito sem fronteiras”.
Hamilton Faria falou do significado de AJAYU, palavra aymara que significa força vital, aquilo que nos move. Em seguida, o grupo compartilhou vivências do Cultura Viva Comunitária e teceram propostas para o congresso por vir. Célio Turino trouxe a importância da cultura e seu valor para a preservação da memória: “A ciência não é a única via para o conhecimento , devemos unir o científico do ancestral”.
“Devemos pensar por meio do biocentrismo – cultura é natureza, natureza é cultura”, disse Alexandre Santini, que expressou calorosa saudade do I Congresso, onde se reuniram 1.200 pessoas da América Latina e, dos quais cerca de 100 delegados de pontos de cultura paulistas. O representante do MinC disse que o governo apoiará uma caravana para El Salvador e recomendou que os coletivos de outros países façam parcerias com seus governos para que também enviem seus representantes ao encontro – se necessário, solicitando apoio da Organização dos Estados Americanos (OEA). “Essa é uma grande oportunidade de reconhecer a cidadania cultural e potencializar atores para ampliar o sentido de cultura de paz, indagando e descobrindo possibilidades de diálogo intercultural”, conclui.
O mestre peruano Cesar Escuzo relatou que em seu país há atualmente mais de 180 conflitos meio às comunidades indígenas – conflitos ambientais, por interesses econômicos -, em um país amazônico com diversas reservas minerais. “O Peru segue por mais de 500 anos sofrendo”, disse. “Mas cada vez que me encontro com gente como vocês nos nutrimos, e cada dia somos ‘mais gente do território’, lutando, conectando las neuronas de la cabeza, compartilhando momentos visionários”.
Foram sugeridas as seguintes propostas para o próximo Congresso:
– Abraçar o tema Convivência e Bem Comum
– Fortalecer a rede latino-americana de Cultura Viva Comunitária
– Levar a El Salvador a energia de Ajayu
– Destacar a Cultura de Paz
– A importância da ancestralidade
– A afetividade que nos une: a unidade na diversidade
– A interculturalidade na América Latina
– Discussões sobre convivência e intolerância
– Educação e Cultura
Via Skype, Marlei Arguera da Red Salvadoreña, coordenadora do II Congresso de Cultura Viva Comunitaria, fala desde El Salvador: “Estamos esperando de 1.000 a 1.500 pessoas”. Ela informa que os organizadores estão criando uma plataforma para inscrição e proposição de oficinas e palestras e informação sobre a programação, que será divulgada em breve.
Chegando ao final, Hamilton leu a conclusão do círculo de visão de cultura de paz em La Paz, no Congresso de 2013: “A Rede Cultura Viva Comunitária não é apenas um lugar cultural e político, mas também de encontro afetivo, amoroso, de descolonização dos corpos e desarmamento dos espíritos; deve ser a expressão da Cultura de Paz na América Latina e constituir uma poética do encontro, a partir de nossas potências afetivas, pertencimento à natureza e diálogos com fortes cosmogonias ancestrais”.
Um grito AJAYU!
Leia também: Encontro debate preparativos para Congresso em El Salvador – Portal do Ministério da Cultura
Assista à gravação do encontro:
Para ver em tela cheia, clique aqui.
Em junho de 2012, um pequeno ônibus vindo da Bolívia chegou ao Rio de Janeiro para escrever uma nova história. “A Caravana por la Vida – De Copacabana a Copacabana foi uma jornada épica, que veio do altiplano boliviano para a Rio+20, a conferência mundial sobre o meio ambiente, afirmando que Cultura mais Natureza é igual a Cultura Viva”, lembrou o diretor da Cidadania e da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura (SCDC/MinC), Alexandre Santini, durante o Encontro Ajayu, realizado no Instituto Pólis, em São Paulo, na noite de segunda-feira (17).
A viagem da delegação boliviana não foi lembrada por acaso no encontro, organizado como uma reunião preparatória para o II Congresso Latino-Americano de Cultura Viva Comunitária, a ser realizado, em outubro, em El Salvador. Foi ali, na mesma sala do Instituto Pólis, que se lançou o desafio de envolver os Pontos de Cultura do Brasil no I Congresso Latino-Americano e montar uma caravana brasileira “Por La Paz”, rumo à Bolívia, em 2013, para participar do evento. “Podíamos escolher um lugar óbvio, como São Paulo ou Buenos Aires, mas optamos por La Paz, para fazer o caminho de volta da caravana”, ressaltou Santini.
De volta à mesma sala para discutir os preparativos para o II Congresso, os participantes do encontro lembraram a mensagem da primeira caravana: de que cultura é natureza, e vice-versa, e que é um erro separar uma da outra. Compartilharam os avanços conquistados de lá para cá, como a aprovação da Lei Cultura Viva no Brasil, destacaram o momento delicado da conjuntura política brasileira e latino-americana (“As ameaças à democracia na América Latina infelizmente não ficaram no passado”, alertou Santini) e reafirmaram o interesse em fortalecer os processos da cultura viva comunitária no continente.
Convidados
Organizado pelo Instituto Pólis e o Instituto Cultural Pombas Urbanas, o Encontro Ajayu contou com a participação de Alexandre Santini, do secretário Municipal de Cultura de São Paulo, Nabil Bonduki, de representantes de Pontos de Cultura do Brasil e de convidados como Jorge Blandon, integrante da Corporación Cultural Nuestra Gente, da Colômbia, e César Escuza, do grupo teatral peruano Vichama.
O historiador e escritor Célio Turino, ex-secretário de Cidadania Cultural do MinC, abriu a roda de conversa falando da felicidade de ver a Cultura Viva – “uma ideia que nasceu como política pública no Brasil, mas que foi apropriada pelas pessoas” – prosperando na América Latina “de maneira tranquila, amorosa”. Ao destacar a construção de uma irmandade “de baixo para cima, de dentro para fora”, lembrou a necessidade de nos unirmos com a alma, ou seja, o “ajayu” (palavra de origem aimará que quer dizer “força vital”, “energia que organiza”).
“Quando penso no passado, penso na necessidade que temos de caminhar juntos, sabendo que temos que querer um pouco mais e que devemos proteger este milagre chamado Cultura Viva Comunitária”, afirmou o colombiano Jorge Blandon. “É um milagre que nos tenham permitido nos juntar, nos irmanar, nos reconhecer.”
O peruano Cesar Escuza, por sua vez, falou da importância de eventos como este, dos “encontros entre razão e coração”. “Encontrar gente como a que aqui está, isso nos alimenta, nos nutre, para regressar e dizer a nossos irmãos em Cultura Viva que a cada dia somos mais, que há mais gente em seus territórios lutando e se conectando”, disse.
Preparativos
Por Skype, Marlen Argueta e Sara Lazo, da Red Salvadoreña de Cultura Viva Comunitaria, disseram que estão se preparando para receber entre 1.000 e 1.500 representantes da América Latina e Caribe, entre os dias 27 e 31 de outubro, em San Salvador. Em 2013, a delegação brasileira contou com 200 integrantes em La Paz. Ao todo, foram 1.200 pessoas, representando 17 países.
Quatorze comissões já foram formadas em El Salvador para apoiar a realização do II Congresso. Uma plataforma digital (www.cvcelsalvador.cc) foi criada para facilitar os trabalhos, disponibilizando formulários de inscrição e informações sobre hospedagem, transportes, logística etc. Quem quiser sugerir temas de cursos ou debates poderá fazê-lo por essa plataforma até 10 de setembro.
Serão cinco dias de espetáculos, festivais, debates, reuniões, cursos e feiras em função do congresso. As atividades vão se concentrar na Universidade de El Salvador. A abertura, no entanto, será no Teatro Nacional, localizado no centro histórico de San Salvador, com a presença do presidente da República, Salvador Sánchez Ceren.
O Ministério da Cultura vai apoiar a ida de uma delegação brasileira, por meio de uma chamada pública, que será lançada em breve. Além disso, o programa IberCultura Viva está com inscrições abertas até 30 de agosto para que interessados em participar do congresso concorram ao edital de intercâmbio e recebam US$ 2 mil para as despesas com a viagem. O edital prevê a participação de um representante de cada um dos 10 países membros do programa. Formulários e informações estão disponíveis no site www.oei.org.br.
Teresa Albuquerque
IberCultura Viva
Fonte: Ministério da Cultura
Clique aqui para conferir na íntegra o vídeo da transmissão do evento