Por que meu voto em mulheres negras, indígenas e pessoas trans garante justiça habitacional?
No dia 18 (quinta), às 19h, acontece um diálogo ao vivo para refletir sobre como o voto em mulheres negras, indígenas e pessoas trans pode garantir justiça habitacional. Nesse encontro, debateremos sobre as pautas de moradia e despejos, pensar em cidades mais justas e em quem são nossas representantes na política.
Com Ediane Maria (PSOL/SP), Adriana Geronimo (PSOL/CE) e Symmy Larrat (PT/SP), e mediação de Maria Feitosa (Instituto Pólis)
Ediane Maria (Candidata Dep. Estadual/PSOL-SP) é pernambucana do Sertão, 38 anos, mulher negra, mãe solo de 4 filhos, empregada doméstica, Coordenadora estadual do MTST, Coordenadora das Cozinhas solidárias e do Movimento Negro Raiz da Liberdade.
Adriana Geronimo (Candidata Dep. Estadual/PSOL-CE) é cria da periferia de Fortaleza, mãe, assistente social, militante por moradia digna e direito à cidade. Atualmente é covereadora da Mandata Coletiva Nossa Cara em Fortaleza, liderança do CE no Estamos Prontas.
Symmy Larrat (Candidata Dep. Federal/PT-SP) é travesti, paraense, e atualmente coordena a Casa Neon Cunha. Foi a primeira travesti a ser eleita Presidentra da ABGLT, a maior e mais antiga organização LGBTQIA+ da América Latina. Foi coordenadora de Promoção dos Direitos LGBT no governo de Dilma Rousseff, e atuou diretamente para a assinatura do decreto que permite usar nome social nos órgãos públicos federais. Em São Paulo, durante a gestão de Fernando Haddad, foi Coordenadora do Programa Transcidadania, sendo convidada especialmente para a implantação do Programa.
Maria Feitosa (Instituto Pólis) é arquiteta e urbanista pela FAUUSP e membro do Labdias – Laboratório de Estudos de Cultura, Cidade e Diáspora, da mesma instituição. Atualmente, integra a equipe do Instituto Pólis como assistente de projetos. Atua em temas relacionados a direito à cidade, justiça energética, questões raciais urbanas e planejamento urbano.
O Instituto Pólis, a Plataforma Global pelo Direito à Cidade e a Plataforma DHESCA Brasil realizarão um ato online internacional em prol da suspensão de remoções durante a crise sanitária causada pela pandemia de Covid-19. A live acontece na sexta-feira, 4/9, e contará com o relator especial da ONU para o Direito à Moradia Adequada, Balakrishnan Rajagopal e lideranças de movimentos sociais do Brasil e internacionais. O encontro terá início às 10h e poderá ser acompanhado pelo zoom e nas páginas de Facebook do Instituto Pólis e demais organizações envolvidas. As inscrições para o evento podem ser feitas aqui.
A iniciativa é parte da Campanha Despejo Zero, criada com o objetivo de pressionar o poder público, com apoio da população, para acabar com despejos e remoções, sejam elas fruto da iniciativa privada ou pública, que tenham como finalidade desabrigar famílias e comunidades, urbanas ou rurais. A articulação também reúne centenas de movimentos do campo e da cidade.
O segundo bloco será desenvolvido por Nelson Saule Júnior, coordenador para a Plataforma Global pelo Direito à Cidade e Lúcia Moraes, da Plataforma Brasileira de Direitos Humanos (DHESCA Brasil). Também estarão presentes representantes de movimentos de todas as regiões do Brasil que apresentarão quadros das remoções no país.
Além dessas participações, o ato contará com Benedito Barbosa, da Central dos Movimentos Populares que fará a abertura do evento, assim como a professora Raquel Rolnik, coordenadora do LabCidade (USP) e ex-relatora da ONU, na mediação. O relator especial da ONU para o Direito à Moradia Adequada, Balakrishnan Rajagopal, ficará encarregado da apresentação e encerramento do encontro.
Transmissões
Além do Instituto Pólis, as organizações parceiras também transmitirão a live em suas páginas no Facebook. Confira os links abaixo:
A pandemia do covid-19 acirrou as desigualdades no Brasil. Além do acesso a aparelhos de saúde, os marcadores de classe, gênero e raça mostram quem são as pessoas que tem condições de fazer ou não quarentena, e de seguir as recomendações de higiene e isolamento da Organização Mundial da Saúde.
Pessoas negras são a maioria (60%) das que trabalham informalmente, sobretudo as mulheres negras (IBGE). Com a forte precarização do trabalho, muitas destas pessoas terão de escolher entre ficar sem nenhuma renda, ou sair de casa correndo o risco de ser contaminada ou de propagar o vírus.
O Brasil tem mais de 3 milhões de famílias vivendo em situação de cohabitação, isso é, quando mais de uma família divide a mesma casa e quase 320 mil vivendo em situação de adensamento excessivo, ou seja, quando há mais de 3 moradores dormindo no mesmo cômodo (FGV 2015). Estas situações são mais recorrentes em favelas e cortiços dos grandes centros urbanos, onde cerca de 70% da população é negra.
No município de São Paulo, 11 distritos não tem nenhum leito hospitalar (Rede Nossa São Paulo, 2019). Não é coincidência que estes também sejam os distritos onde moram mais pessoas não brancas e com menor rendimento. Justamente aquelas que mais dependem do SUS.
Em quatro anos, a população em situação de rua em São Paulo cresceu 53%: passou de 15,9 mil em 2015 para 24,3 mil em 2019. Deste total, cerca de 7 mil tem 50 anos ou mais e são ainda mais vulneráveis ao contágio por Covid-19. A falta de acesso a banheiros e saneamento básico dificulta ainda mais a prevenção. Parte dessas pessoas dormem em albergues e por isso não conseguem evitar aglomerações. Afinal, quem tem direito ao isolamento?
O trabalho informal é a forma de rendimento de mais de 40% da toda população trabalhadora do Brasil (IBGE). Esses profissionais ganham cerca de 40% a menos do que pessoas com carteira assinada, e são em sua maioria mulheres negras (60%). Além disso, as condições de moradia de quem trabalha informalmente e tem rendimento menor também são mais difíceis, com menos acesso à saneamento básico, por exemplo. Babás, motoristas de ônibus, motoboys de aplicativos, atendentes de padaria… Essas pessoas estarão mais expostas ao contágio e a disseminação do vírus. Onde essas pessoas moram? Qual o plano do governo para conter essa tragédia anunciada?
Nossa sociedade patriarcal delega às mulheres 75% do trabalho de cuidado não remunerado em todo o mundo (OXFAM, 2020). Ou seja, cabe a elas o cuidado com os familiares, os afazeres domésticos ou os deslocamentos para abastecer a casa, por exemplo. Por conta disso, cerca de 30% das mulheres acabam por deixar seus trabalhos para cuidar dos filhos, enquanto apenas 7% dos homens tomam a mesma decisão. Neste cenário de pandemia, onde crianças foram liberadas das creches e escolas para evitar a disseminação do vírus, e da flexibilização do trabalho com subtração de direitos, quantas mulheres serão forçadas a abdicar dos seus trabalhos e dos seus rendimentos? Como este contexto afetará a vida das mulheres?
Em uma reportagem da BBC Brasil, Gilson Rodrigues, uma das lideranças de Paraisópolis (SP) alerta sobre como as as favelas estão sendo totalmente ignoradas e as políticas de governo, ao invés de melhorar, só agravam a situação. Esta não é uma realidade só de Paraisópolis. Outras favelas de São Paulo, e lideranças de favelas do Rio de Janeiro, como Raull Santiago, têm demonstrado a mesma preocupação em reportagens ou em suas redes sociais.
As 30 cooperativas que prestam serviços à cidade de São Paulo pararam suas atividades pelos riscos de contaminação dos trabalhadores diante da pandemia provocada pelo Coronavírus Covid-19. A cidade tem o maior foco de infecção no Brasil e reúne o maior número de mortes. Essas famílias não tem outra fonte de sustento.
Vale lembrar que os materiais recicláveis – papel/papelão, metais, vidros, plásticos – que a cidade desvia dos aterros sanitários resultam da atividade que essa categoria de trabalhadores desenvolve há mais de 60 anos. Mas, é fundamental destacar que se o setor empresarial – fabricante, distribuidor, comerciante – já tivesse assumido sua responsabilidade pelo custeio da remuneração dos catadores pelo serviço de classificação dos materiais, assim como pelo custeio da coleta seletiva da fração reciclável dos resíduos domiciliares (30%), como determina a Política Nacional de Resíduos Sólidos de 2010, a situação de absoluta vulnerabilidade dessa categoria não estaria acontecendo.
Para colaborar na arrecadação de recursos para compra de cestas básicas para catadores e catadoras de cooperativas de reciclagem, clique aqui.
A epidemia de COVID 19 tem pressionado os sistemas de saúde de todos os países com casos notificados. O Brasil é o único país do mundo com mais de 100 milhões de habitantes com um sistema de saúde gratuito e universal à toda população. Porém, mesmo antes da epidemia, este sistema já estava sob pressão. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
Estas distâncias não afetam da mesma forma a população como um todo. Há diferenças regionais (com a região sudeste liderando o número de leitos e de população), mas também intra regionais e até intramunicipais. O Município de São Paulo, por exemplo, apresentava em 2019 11 distritos sem nenhum leito hospitalar (Rede Nossa São Paulo, 2019). Não é coincidência que estes também sejam os distritos onde moram mais pessoas não brancas e com menor rendimento. Justamente aquelas que, como vimos, mais dependem do SUS.
Para além de superar os desafios regionais, o enfrentamento desta pandemia também têm outro desafio: a Emenda Constitucional 95 aprovada em 2016 e que estabelece um teto para os gastos públicos, inclusive na área da Saúde. Naquela época, muitas ONGs e movimentos já alertavam que ela seria a “PEC da morte”. Devemos reverter esta emenda o quanto antes, ou então, assistiremos nosso corpo médico tendo que fazer escolhas impossíveis: eleger quais serão os pacientes que serão atendidos e quais que serão desassistidos.
No Brasil de 2020 há cerca de 4 milhões de pessoas que moram em domicílios sem banheiro! 4 milhões! Para agravar a situação, 35 milhões de brasileiras(os) vivem sem acesso a água tratada e 100 milhões não possuem rede esgoto, segundo o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento em 2018 (SNIS – 2018).
Este cenário é mais estrutural no norte do país, onde cerca de 80% dos domicílios não estão conectados à rede geral de esgoto e no nordeste, onde quase 30% dos domicílios não têm acesso diário à rede de água. Estas duas regiões são aquelas que também abrigam a maior porcentagem de pessoas negras (cerca de 79% da população da região norte e 64,5% da região nordeste é negra) É também mais grave nas favelas e cortiços dos grandes centros urbanos, onde cerca de 70% da população é negra. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
Essa realidade, além de comprimir a qualidade de vida, também facilita não só a propagação do COVID 19, como também de outras doenças como tuberculose, por exemplo.
Apesar da quarentena em São Paulo, ainda é possível observar muitas pessoas nos ônibus e metrôs da cidade..
Para termos uma ideia da importância do coletivo no cotidiano da cidade – sobretudo para as mulheres negras que, não só tem o menor rendimento familiar, moram mais longe e dependem mais do transporte e de outros serviços públicos – só na Região Metropolitana de São Paulo são realizadas diariamente 15,3 milhões de viagens seja por trem, metrô ou ônibus (Pesquisa Origem Destino, 2017)
Esta mesma região tem três das dez linhas de trem e metrô mais lotadas do mundo (Google Maps, 2019) e nem todas as estações oferecem condições para que suas usuárias e usuários possam se higienizar, seja porque muitas estações se quer oferecem banheiros públicos, seja porque, as que oferecem, muitas vezes não têm sabonetes e toalhas de papel.
Além disso, o tempo médio destas viagens é de quase 2,5 horas e com pelo menos 1 baldeação. Todos estes fatores aumentam os riscos de contaminação das pessoas que usam diariamente o transporte público e que, no final do dia, ainda terão que chegar em casa e cuidar da casa, dos filhos e, pior, das pessoas mais vulneráveis ao COVID 19, as pessoas idosas da família.
Entrevista com Felipe de Freitas Moreira, arquiteto e urbanista do Instituto Pólis, ‘O governo demoliu minha casa e ainda não recebi nada’: famílias vizinhas da cracolândia tentam reconstruir a vida, veiculada no site BBC News Brasil, 07 de Novembro de 2018.
Entrevista com Danielle Klintowitz, coordenadora geral do Instituto Pólis, arquiteta e urbanista, “Direito à Moradia Digna”, veiculada no 2º Programa Bom Para Todos – Rede TVT, 10 de outubro de 2018.
Para ilustrar o programa foi reproduzido um trecho do Documentário produzido pelo Observatório Litoral Sustentável sobre regularização fundiária na Baixada Santista e Litoral Norte.
O documentário traz casos de regularização e também dificuldades enfrentadas por comunidades que ainda aguardam a posse da terra.
O documentário Donos da Terra pode ser conferido aqui
Entrevista com Danielle Klintowitz, coordenadora geral do Instituto Pólis, arquiteta e urbanista, reportagem ” avaliação da gestão Doria para a cidade de São Paulo”.
Confira a entrevista na íntegra para o Brasil de Fato.
Entrevista com Danielle Klintowitz, coordenadora geral do Instituto Pólis, arquiteta e urbanista, reportagem ” avaliação da gestão Doria para a cidade de São Paulo”.
Confira aqui a entrevista na íntegra para o Brasil de Fato.
Entrevista com Danielle Klintowitz, coordenadora geral do Instituto Pólis, arquiteta e urbanista, reportagem ” Região Metropolitana de SP tem 39 cidades e ocupa 3% do território estadual”- Série Desafios para os futuros governantes – Região Metropolitana SP-, veiculada na TV RedeGlobo , Jornal Bom Dia SP, 20 de agosto de 2018.
Confira também depoimento de Danielle Klintowitz sobre as propostas apresentadas pela Rede Contra Remoções às candidatas e candidatos à eleição de 2018 que visam garantir a proteção das famílias ameaçadas de remoções.
Entrevista com Danielle Klintowitz, coordenadora geral do Instituto Pólis, arquiteta e urbanista, reportagem ” Região Metropolitana de SP tem 39 cidades e ocupa 3% do território estadual”- Série Desafios para os futuros governantes – Região Metropolitana SP-, veiculada na TV RedeGlobo , Jornal Bom Dia SP, 20 de agosto de 2018.
Confira também depoimento de Danielle Klintowitz sobre as propostas apresentadas pela Rede Contra Remoções às candidatas e candidatos à eleição de 2018 que visam garantir a proteção das famílias ameaçadas de remoções.