Segurança Alimentar é tema de seminário na Baixada Santista
O 2º Seminário Metropolitano de Segurança Alimentar e Geração de Renda da Baixada Santista aconteceu nos dias 26 e 27 de novembro, no Iate Clube Itanhaém. O objetivo do encontro foi discutir a compra realizada diretamente da agricultura familiar através do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), entre outros.
Assista abaixo o vídeo realizado pelo Pólis sobre o Seminário
O evento foi realizado pela prefeitura de Itanhaém e pelo projeto Litoral Sustentável – Desenvolvimento com Inclusão Social.
Durante os dois dias do encontro, sociedade civil e poder público puderam discutir temas pertinentes aos agricultores familiares e aos gestores municipais, e assim foi possível elencar as oportunidades e os desafios do cenário atual: Como realizar a articulação entre governo Federal e municípios? Como fomentar a cadeia produtiva para a valorização da agricultura familiar e orgânica? Como aumentar a abrangência e os resultados dos programas federais em nível local?
No primeiro dia, foi realizada uma oficina de culinária caiçara, que destacou a utilização de farinha de banana verde e do palmito pupunha em receitas tipicamente caiçaras, que puderam ser degustadas por todos.
Durante a oficina foi reforçada a importância da utilização de produtos locais na alimentação escolar, fortalecendo o agricultor local e melhorando a qualidade da merenda. Elas também distribuíram aos que estavam presentes exemplares do livro “Feiras Gourmet – Livro de receitas dos agricultores de Itanhaém”.
Já no segundo dia, a discussão foi focada nos programas governamentais e nos entraves que os municípios encontram para cumprir com a legislação, que exige que o poder público compre 30% dos alimentos utilizados na merenda escolar, de agricultores familiares. O município de Itanhaém foi um grande exemplo, já que não apenas cumpre a exigência dos 30%, como prevê ultrapassar essa quantidade em 2014. Suas boas práticas foram compartilhadas e motivaram os representantes dos outros municípios da Baixada a seguirem o mesmo caminho.
No debate foi possível notar as dificuldades dos gestores municipais em se inserirem nos programas federais. Por falta de capacitação ou articulação entre os diferentes setores e esferas governamentais, pequenas coisas tornam-se grandes obstáculos. No entanto, os participantes ficaram interessados em formar uma rede de cooperação regional, compartilhando iniciativas de sucesso e colaborando com quem está iniciando no processo.
“Houve um bom debate e ao final do evento sistematizamos todas as sugestões. O documento gerado será encaminhado pela Câmara Temática como sugestões para os prefeitos da Baixada, para implantação da política de alimentação escolar e de outras relacionadas à Segurança Alimentar”, comentou Maria Judith Gomes, coordenadora de Institucionalidade e Dinâmica Sociopolítica do Instituto Pólis.
O Seminário reuniu aproximadamente 80 pessoas, e dentre elas, representantes do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE-Brasília), da Secretaria Estadual de Agricultura (SP), da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI-Santos e Peruíbe), Agência Metropolitana da Baixada Santista (AGEM), FUNAI, e entidades acadêmicas. Além desses agentes, estiverem presentes nutricionistas, agricultores, merendeiras e outros interessados em discutir os programas governamentais.
Fonte: Litoral Sustentável – Desenvolvimento com Inclusão Social.
5a Conferência Nacional das Cidades debate a Reforma Urbana e estabelece metas para o próximo ano
O tema da 5a Conferência Nacional das Cidades desse ano, realizada de 20 a 24 de novembro em Brasília, foi “Quem muda a cidade somos nós: Reforma Urbana já!”. Trata-se de um momento em que se corroboram as políticas públicas urbanas que vão ser exercidas em âmbito nacional, municipal e estadual.
A Conferência marca 10 anos de existência do Ministério das Cidades, “uma conquista da luta pela Reforma Urbana que é reunir em um mesmo órgão as diversas políticas públicas urbanas [de saneamento, habitação, mobilidade e planejamento urbano]”, diz Danielle Klintowitz, da área de Urbanismo do Instituto Pólis.
Durante a Conferência, os 2.682 delegados e delegadas votaram em plenário sobre as mais de 300 emendas para o Sistema Nacional de Desenvolvimento Urbano, e elegeram os 181 novos Conselheiros e Conselheiras das Cidades. Como aconteceu nas edições anteriores, um grande bloco dos novos eleitos é representado pelas entidades vinculadas ao Fórum Nacional de Reforma Urbana; com 60 conselheiros e conselheiras incluindo todos os 46 conselheiros do segmento dos movimentos populares e todos os oito do segmento das ONGs. Além de três conselheiros do segmento acadêmico e três do segmento dos trabalhadores.
Participaram delegados dos 26 Estados e do Distrito Federal, entre eles organizações não governamentais, movimentos sociais e gestores públicos.
Para Klintowitz, há pelo menos dois grandes avanços acordados na conferência: a aprovação da criação de um Sistema Nacional de Desenvolvimento Urbano, à exemplo dos sistemas já existentes para as áreas de habitação, saneamento e mobilidade, com um fundo específico, e o anúncio da presidenta Dilma Roussef de criação de um grupo interministerial que irá formular a proposta do Sistema até junho do ano que vem, quando termina o mandato dos atuais conselheiros.
“O grande desafio é integrar as políticas urbanas num mesmo sistema, pois elas ainda são muito setoriais. Nós temos hoje mais de 3,5 milhões de moradias de interesse social que não são inclusivas. Não adianta fazer uma política de habitação que não dialogue com as políticas de mobilidade e saneamento, por exemplo”, diz Klintowitz .
Outro fator fundamental para a viabilização do Sistema Nacional de Desenvolvimento Urbano é que haja um fundo específico, diz a urbanista. “Hoje, o governo federal investe de forma variada, não existe previsão orçamentária, o que dificulta o planejamento. Os conselhos é que têm de determinar onde será investida a verba do fundo. Atualmente, 3% do PIB vai para o orçamento de habitação, mas a verba ainda não é gerida de forma participativa”.
Participação
A respeito das dinâmicas de participação apresentadas na conferência, ainda há muito o que melhorar, segundo Stacy Torres, da área de Reforma Urbana do Instituto Pólis. “A realização da 5ª Conferência, bem como a consolidação do Conselho das Cidades com mais uma eleição, é sem dúvida uma grande conquista, mas para o cenário ficar completo é preciso avançar mais ainda na gestão democrática e melhorar a condução do processo participativo. Na metodologia da Conferência prevaleceu um encaminhamento pragmático das votações em detrimento de uma discussão politizada das propostas, não havia agentes de facilitação profissionais e contou-se com uma estrutura de apoio muito deficiente, o que subaproveitou o potencial do evento. Também vale mencionar a falta de clareza em torno do pacto político entre sociedade civil e governo no que se refere às propostas aprovadas, fator que deixa grandes dúvidas sobre o compromisso do Ministério das Cidades com a sua implementação”, diz a advogada.
Foram formados oito grupos de votação divididos conforme os temas: 1. Saneamento Ambiental, 2. Mobilidade Urbana e Trânsito, 3. Capacitação e Assistência Técnica, 4. Financiamento da Política Urbana, 5. Participação, Controle Social e Conselhos, 6. Política Territorial e Regularização Fundiária, 7. Habitação I e 8. Habitação II.
Propostas votadas
Nelson Saule Junior e Danielle Klintowitz, do Instituto Pólis, participaram do grupo de Política Territorial e Regularização Fundiária, e Stacy Torres, também do Pólis, esteve no grupo de Participação, Controle social e Conselhos.
Entre as propostas votadas no grupo de Regularização Fundiária estão:
– A suspensão imediata pelo Ministério das Cidades de repasses de recursos para projetos e empreendimentos que ensejem remoções sem prévio plano democrático de assentamento;
– A proposição de Projeto de Lei segundo o qual, em situações de conflitos fundiários, não seja concedida reintegração de posse sem garantia de audiência de mediação e comprovação de cumprimento da função social da propriedade;
– A proposição de Projeto de Lei estabelecendo o regime jurídico da posse social, de maneira a concretizar plenamente o direito à moradia digna.
“A votação das propostas e sinalização de datas de cumprimento são formas do conselho monitorar se o Ministério das Cidades e o governo estão cumprindo com as deliberações da conferência”, diz Nelson Saule, delegado da conferência e coordenador da área de Direito à Cidade do Instituto Pólis.
Todas as organizações não governamentais eleitas na ocasião para o novo mandato do Conselho das Cidades são ligadas ao Fórum Nacional da Reforma Urbana. São elas: Instituto Pólis, Fase, Fundação DH Bento Rubião, Habitat para Humanidade, Terra de Direitos, Caritas , CEARAH Periferia e CENDHEC.
Reforma Urbana
Em resumo, a Reforma Urbana é uma ética e uma plataforma política que busca cidades mais justas e inclusivas, que almeja garantir acesso aos bens concretos da vida: habitação, saúde, educação, transportes.
Foto: Vista da favela de Paraisópolis, em SP, na divisa com prédios de luxo do Morumbi
É um tema debatido desde o início dos anos 1960, durante o governo Jango (João Goulart), que defendia a importância de se fazer uma reforma de base, para que a população de baixa renda tivesse acesso garantido aos serviços públicos.
“À época, as políticas habitacionais e de saneamento ainda não existiam”, explica Klintowitz.
Com a ditadura militar, a discussão estagnou, mas a carência habitacional em áreas urbanas só aumentou. “O próprio governo militar criou o Banco Nacional de Habitação (BNH), um investimento brutal, mas que continuava sendo excludente. Havia muito dinheiro e muita produção, mas que não chegavam onde mais se precisava”, diz a urbanista.
O crescimento urbano não parou nas próximas décadas, foram surgindo cada vez mais assentamentos precários e distantes do centro e a mobilidade se tornou um problema sério. Nos anos 1980, 70% da população brasileira já residia em área urbana e, no período de 1980 a 1987, o número de “favelados” cresceu 1.039%.
Com isso, cresceu também a luta por cidades mais justas. E, em 1980, surgiu o Movimento Nacional pela Reforma Urbana, que reunia movimentos sociais, intelectuais e organizações em prol da moradia digna. O MNRU pedia a gestão democrática das cidades e cidades mais justas e includentes, o que incluía a regularização fundiária e a garantia da posse de terra.
Nos anos 1980, aparece o grande conceito do Direito à Cidade, que “é o direito que todos e todas têm aos serviços e vivências adequados nas cidades”. A partir de então, o Movimento Nacional pela Reforma Urbana se fortalece e, com a Constituinte de 1988, consegue, pela primeira vez, pautar a política urbana. Na Constituição foram inseridos dois artigos (182 e 183), que determinam a descentralização e a municipalização da política – para que seja mais participativa e mais voltada para a peculiaridade de cada município e região.
Desde então, o objetivo é regulamentar esses dois artigos, esforço que resultou no Estatuto da Cidade, que foi sendo debatido de 1988 até 2001, quando finalmente foi aprovado. O Estatuto reúne um conjunto de instrumentos urbanos (ações legais que permitem ao poder público intervir nos processos e espaços urbanos) para auxiliar o município a garantir as funções sociais da propriedade e da cidade, considerando que os interesses públicos e coletivos devem prevalecer sobre o interesse privado.
O Estatuto da Cidade, por sua vez, resultou no Plano Diretor, uma ferramenta que dá diretrizes para o desenvolvimento dos municípios e orienta as demais legislações e planos, nas áreas de mobilidade, habitação, saneamento, etc. O Plano Diretor é obrigatório para todas as cidades acima de 20 mil habitantes e deve ser elaborado pelo poder público em conjunto com a população, de forma participativa.
Foto: Prédio ocupado por sem-tetos no Rio, em agosto de 2013
As entidades de luta pela moradia se reúnem hoje no Fórum Nacional de Reforma Urbana, um lugar de articulação de ideias e diálogo nacional. A pauta principal da Reforma Urbana, hoje, concentra-se na questão da propriedade privada e de sua função social. “Isso significa que as propriedades devem cumprir uma função socialmente adequada para aquela sociedade como um todo e não só para seu proprietário. Então, se você possui uma propriedade que está numa área de proteção ambiental, a função daquela propriedade é proteger aquela área e não construir um loteamento. Assim como, se você possui uma área vazia e existe uma demanda habitacional muito grande, a função social daquela área é fazer habitação de interesse social e não um shopping, por exemplo”, explica Klintowitz.
Abong promove seminário no Fórum Mundial de Direitos Humanos
Entre os dias 10 e 13 de dezembro acontece em Brasília o Fórum Mundial de Direitos Humanos, promovido pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH-PR).
No dia 11 de dezembro, a Abong (Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais), junto a algumas associadas, promoverá o Seminário Diálogo Sociedade Civil e Estado na luta pela garantia de direitos humanos e outros direitos. A atividade apresentará os avanços e desafios de organizações que têm como principal foco de atuação a luta pela igualdade, autonomia, diversidade, a democracia, e o reconhecimento da liberdade com a perspectiva de construção de uma sociedade mais livre e solidária.
Serão analisados e discutidos os atuais cenários dos direitos humanos em diferentes regiões do país, refletindo sobre o papel da sociedade civil nesse processo. O Seminário marca, também, o lançamento da Revista ComunicaDH, resultado do projeto da Abong com apoio da SDH/PR chamado Comunicação e Direitos Humanos.
A revista será distribuída aos participantes no Seminário.
Convidamos todos e todas a participarem do evento e/ou acompanharem pelas notícias no site e nas redes sociais.
Seminário Diálogo Sociedade Civil e Estado na luta pela garantia de direitos humanos e outros direitos
Onde: Fórum Mundial de Direitos Humanos, Tenda 1 – Casa dos Direitos, Brasília-DF
Quando: Dia 11 de dezembro, das 10h às 12h
Fonte: Abong
Ciclo de debates sobre Reencantamento, Afetos e Utopia se inicia no Rio
A partir dos dias 10 e 11 de dezembro, no Rio de Janeiro, o projeto Ciclo Espaços de Reencantamento, Afetos e Utopias de Um Novo Mundo se inicia com o apoio da Oi e da Secretaria de Cultura do Rio de Janeiro. O evento pretende criar um espaço de debates sobre coletivos de criação, saberes e práticas artísticas e os papéis que protagonizam nas transformações da vida local e global na cultura da América Latina e no mundo.
Na quarta-feira, 11, o poeta e coordenador da área de Cultura do Instituto Pólis, Hamilton Faria, estará presente na mesa de debates juntamente com o ator Adriano Mauriz, o diretor Francisco Alemberg e o artista Paulo Nazareth para discutir o tema ‘Nós somos a utopia do presente”.
Confira a programação inicial do ciclo:
Dia 10 de dezembro, terça-feira: O encontro vai reunir o renomado diretor de teatro e dramaturgo argentino Daniel Veronese e o diretor da Cia Brasileira de Teatro, Márcio Abreu, promovendo um diálogo sobre as transformações da cena contemporânea no atual cenário político, discutindo “Que Teatro? Para que Mundo?
Dia 11 de dezembro, quarta-feira: O escritor e poeta Hamilton Faria, coordenador de Arte e Cultura do Instituto Polis, estará na mesa com o ator Adriano Mauriz, da Cia. de Teatro Pombas Urbanas; Francisco Alemberg, diretor da Fundação Casa Grande-Memorial do Homem Kariri; Baby Amorim, coordenadora do Ilú Obá De Min, e o artista e performer Paulo Nazareth. O foco deste encontro será: ‘Nós somos a utopia do presente.”
Ciclo Espaços de Reencantamento, Afetos, Utopias de Um Novo Mundo
Quando: Dias 10 e 11 de dezembro, terça e quarta, às 19h30
Onde: Oi Futuro – Rua Dois de Dezembro, 63, Rio de Janeiro-RJ
Distribuição de senhas 30 minutos antes
Inesc lança revista para comemorar a Semana Internacional dos Direitos Humanos
Projeto Litoral Sustentável realiza encontros na Baixada Santista e Litoral Norte, nos dias 10 e 12 de dezembro. Participe!
O projeto Litoral Sustentável – Desenvolvimento com Inclusão Social, realizado pelo Instituto Pólis em convênio com a Petrobras, realizará dois Encontros Regionais na Baixada Santista e no Litoral Norte para apresentar à população e ao poder público as Agendas Municipais e Regional de Desenvolvimento Sustentável, desenvolvidas ao longo deste ano, por meio de um processo participativo.
O objetivo dos encontros é apresentar a versão final do documento, construída após as consultas e audiências participativas, e abrir espaço para as últimas contribuições dos participantes.
O evento do Litoral Norte será no dia 10 de dezembro, das 9 às 18h, no Instituto Federal de São Paulo, em Caraguatatuba. Já na Baixada Santista o encontro será no dia 12 de dezembro, Das 9 às 18h, na Unimonte Rua Comendador Martins, 52, Bairro Vila Mathias.
Sobre as Agendas
A partir dos diagnósticos elaborados na primeira fase do projeto (disponíveis para download aqui) pretende-se em 2013 construir conjuntamente a Agenda Regional de Desenvolvimento Sustentável e as Agendas de Desenvolvimento Sustentável para cada um dos municípios do Litoral Norte e da Baixada Santista.
Esta Agenda pretende contribuir para a atuação do Poder Público,das organizações da sociedade civil e do setor privado para o planejamento integrado das políticas públicas, com o objetivo de promover o desenvolvimento sustentável e a melhoria da qualidade de vida de toda a população, de forma equilibrada com o meio ambiente.
O grande desafio que se coloca é a discussão dos padrões atuais de desenvolvimento e as possibilidades de novos modelos, levando em conta que quase 65% do território encontra-se em áreas ambientalmente protegidas; prevalece a concentração socioeconômica nos dois polos regionais, ficando os outros municípios dependentes destes polos, o que impacta diretamente na mobilidade; há dependência do veranismo e desarticulação com o turismo sustentável, inclusivo e diversificado; os grandes projetos em pauta reforçam os padrões de desenvolvimento instituídos e a lógica concentradora do capital e da infraestrutura; como os instrumentos de gestão e planejamento territorial regional e municipal podem se articular, de modo a contribuir para o desenvolvimento sustentável e inclusivo na região.
FAÇA AQUI A SUA INSCRIÇÃO E SAIBA MAIS SOBRE A AGENDA
Sobre o Projeto:
De 2011 a 2012, o Litoral Sustentável – Desenvolvimento com Inclusão Social realizou um diagnóstico urbano socioambiental que implementa um programa de desenvolvimento regional sustentável em municípios do Litoral Norte e da Baixada Santista.
Seu objetivo é fomentar o desenvolvimento regional sustentável em municípios do litoral de São Paulo para propiciar melhores condições de vida para toda a população de forma equilibrada com o meio ambiente.
Terra aos quilombolas, um direito constitucional
No dia 28 de novembro, o Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF4) julgará a constitucionalidade do Decreto Federal 4.887/03, instrumento que sustenta a realização do direito constitucional de acesso à terra para quilombolas. O julgamento se dá na ação em que a Cooperativa Agrária Agroindustrial questiona o processo administrativo do Incra para a titulação da terra da comunidade quilombola Invernada Paiol de Telha, localizada no município de Reserva do Iguaçu, no Paraná. O resultado do julgamento influenciará diretamente as 144 comunidades quilombolas da Região Sul, pois consolidará a posição do TRF4 no tema.
A comunidade Invernada Paiol de Telha conquistou o acesso à terra e à liberdade ainda na década de 1860, depois de anos sob o jugo da escravidão. A conquista veio por meio do testamento deixado pela escravocrata Balbina Francisca de Siqueira, proprietária da fazenda Capão Raso, que deixou 7.260 hectares de terras para 11 escravos. Os quilombolas lá vivem desde então, mas as políticas de Estado que favoreceram a colonização europeia, em detrimento dos direitos dos negros, viabilizaram um processo violento de expulsão dos quilombolas de suas terras; hoje, ocupam uma parcela ínfima do que lhes é de direito. A retomada das terras quilombolas ganhou fôlego com a Constituição de 1988.
Após séculos de opressão racial, a Constituição Federal, em sua integralidade, inaugurou um processo histórico de retirada das comunidades quilombolas de uma situação de invisibilidade jurídica, econômica, social e política. A política pública de titulação das terras quilombolas, derivada do direito inscrito no art. 68 do ADCT da Constituição, busca reparar as injustiças cometidas contra essas comunidades, assegurando-lhes meios para reaver as terras tradicionais. O Decreto Federal 4.887/03 regula o processo administrativo, de competência do Incra, para a titulação das terras, assegurando a quem detenha título de propriedade dentro da área quilombola a prévia indenização em dinheiro.
As conquistas históricas obtidas pelas comunidades quilombolas podem sofrer graves retrocessos se o TRF4 não confirmar a constitucionalidade do decreto, pois é ele que regula o processo administrativo de titulação e, sem esse instrumento, o direito constitucional dos quilombolas ficará em situação de total desvalor jurídico, pois faltarão meios para efetivação da Constituição.
Por trás do debate jurídico sobre a constitucionalidade do decreto se esconde o real embate. De um lado, aqueles que acreditam que a titulação das terras não representa apenas o reconhecimento de que os quilombolas tiveram importante papel na sociedade, mas que hoje a existência dessas comunidades tem papel importante nos destinos econômicos e na identidade cultural da nação. De outro lado, aqueles que desprezam o papel dessas comunidades na sociedade e acreditam que a produção de commodities agrícolas deve suplantar o direito constitucional quilombola.
Está colocada ao Judiciário a missão de assegurar aos quilombolas o direito constitucional, 25 anos após a promulgação da Carta Magna. Mas cabe à sociedade a tarefa de expurgar o racismo implícito e explícito que impede o Estado de garantir, na prática, o acesso à terra para os quilombolas.
Fernando G. V. Prioste é advogado popular da Terra de Direitos.
Prefeito de São Paulo anuncia o VAI 2, programa de incentivo à cultura
Foto:João Luiz/ SECOM
A criação do VAI 2 (Programa para a Valorização de Iniciativas Culturais) foi sancionada pelo prefeito Fernando Haddad, no dia 8 de novembro, em ato solene de assinatura da Lei. O programa, que tem 10 anos de existência, já financiou 1.144 projetos de jovens entre 18 e 29 anos, beneficiando principalmente jovens da periferia de São Paulo.
Na ocasião, Gil Marçal, da Secretaria Municipal de Cultura, destacou o protagonismo do VAI e fez um paralelo com os pontos de cultura, ambos políticas culturais que marcaram o Brasil contemporâneo. Marçal também fez um levantou do histórico do programa em São Paulo.
Daniel Marques, um dos organizadores do Sarau “O que Dizem os Umbigos”, do Itaim Paulista, afirma que o VAI veio preencher uma lacuna que responde à carências de apoio cultural e destacou a importância de ampliar o apoio economico, criando uma lei de fomento à periferia.
Elisandra Souza, agente cultural da periferia e participante do VAI, destaca o visível protagonismo cultural das mulheres negras e denuncia a criminalização dos espaços culturais da periferia e a morte de jovens negros pela polícia.
O vereador Nabil Bonduki, criador da lei do VAI, destacou a vida cultural da periferia, que ganha força com o programa, a importância do VAI na transformação da paisagem cultural da cidade e o protagonismo dos jovens. Disse que o VAI surge de um processo de diálogo com a juventude da cidade de São Paulo que trata-se de um programa de baixo custo e alto impacto. Na ocasião, disse ainda que seu compromisso com a cidade é “derrubar o muro da periferia”.
O secretário de Cultura, Juca Ferreira, anunciou também a instalação de 350 pontos de cultura na cidade, cujo edital deve ser lançado em meados de novembro. Os pontos de cultura são espaços de fomento cultural espalhados pelo território, ligados ao programa Cultura Viva, do Ministério da Cultura.
Foto: Juca Ferreira, Nabil Bonduki, Fernando Haddad, Elizandra Souza e Daniel Marques/Crédito: João Luiz/ SECOM
O prefeito Fernando Haddad ressaltou seu compromisso com a cultura, a ideia de se pensar culturalmente a cidade, o diálogo entre cultura e educação e a responsabilidade de fazer da cultura um elemento transformador da cidade. O prefeito assinou a lei do VAI e reafirmou a continuação do programa na cidade.
Para Hamilton Faria, coordenador do Instituto Pólis e também um dos idealizadores do VAI, o programa VAI 2 vem reafirmar a continuidade de projetos que reforçam a criatividade dos jovens e a diversidade cultural da cidade. “Não há dúvida de que é um programa inovador, que apoiou mais de 1.000 projetos, quando a periferia da cidade ainda estava excluída dos resultados do desenvolvimento cultural. O VAI 2 contribui para que os jovens envolvidos nas manifestações culturais possam afirmar o seu direito à cidade”.
No evento, Maria do Rosário Ramalho, assessora do vereador Nabil Bonduki (PT), foi homenageada por sua contribuição na criação e consolidação do VAI.
Foto: Nabil Bonduki, Maria do Rosário e Hamilton Faria/ Crédito: João Claudio de Sena
O que muda?
Entre as mudanças que possibilitam a ampliação do programa está o acréscimo de dois novos artigos à Lei nº 13.540/2003 e altera a redação de diversos artigos. O programa passa a ser dividido em duas categorias: VAI I, destinada a grupos e coletivos compostos de pessoas físicas, jovens entre 18 e 29 anos, de baixa renda; e VAI 2, que é destinada a grupos e coletivos compostos por jovens ou adultos de baixa renda, que tenham, no mínimo, dois anos de atuação em localidades com alto índice de vulnerabilidade, desprovidas de recursos e equipamentos culturais.
Segundo o autor do projeto, Nabil Bonduki, a mudança é uma solicitação do Conselho Municipal da Juventude e de participantes do VAI. Segundo eles, quando acaba o período de fomento pelo programa, os grupos têm encontrado dificuldades para manter suas atividades.
O texto aprovado divide o projeto em duas modalidades, o VAI 1 e o VAI 2. O primeiro continuará a atender grupos de jovens de 18 a 29 anos, enquanto o último será destinado a coletivos que já tenham passado pela primeira etapa do programa ou tenham experiência com ações culturais.
O VAI 2, para projetos de continuidade também teve seu valor aumentado para R$ 60.000, enquanto o valor do VAI 1 é de R$ 30.000.
O VAI tem por objetivo estimular a criação, o acesso, a formação e a participação do pequeno produtor e criador mala direta no desenvolvimento cultural da cidade; promover a inclusão cultural e estimular dinâmicas culturais locais e a criação artística.
Entre os projetos aprovados há uma variedade de linguagens. Há montagem, produção e apresentação de espetáculos e performances nas áreas de teatro, dança e música; há exibição e produção de vídeos e gravação de cds; oficinas ligadas às diversas linguagens artísticas, eventos culturais com mala direta, manifestações de rua e em espaços fechados; há festivais, cultura indígena, cultura popular, capoeira, rádio, hip hop, produção e publicação de jornais, revistas e livros, saraus, contadores de histórias, biblioteca, videoteca, memória, formação de produtores culturais, cultura digital, desenho, entre outros.
II Seminário Metropolitano de Segurança Alimentar e Geração de Renda da Baixada Santista
Foto: Vista de Itanhaém/João Prudente
Nos dias 26 e 27 de novembro, acontece o II Seminário Metropolitano de Segurança Alimentar e Geração de Renda, em Itanhaém, na Baixada Santista.
O evento, realizado em parceria com a Prefeitura de Itanhaém, faz parte do calendário de atividades do projeto Litoral Sustentável – Desenvolvimento com Inclusão Social, será oferecido para agricultores familiares, pescadores artesanais, nutricionistas e gestores e pretende debater a inclusão social e a participação dos agentes locais no Programa de Alimentação Escolar e as possibilidades e desafios da agricultura familiar e da pesca na região da Baixada Santista.
CADASTRE-SE AQUI PARA O EVENTO
Veja abaixo a programação completa.
II Seminário Metropolitano de Segurança Alimentar e Geração de Renda
Quando: dia 26 de novembro, no SECE/CMTECE – Avenida Condessa de Vimieiros, 1.131, Itanhaém (SP), dia 27 de novembro, no Iate Clube de Itanhaém – Travessa Sebastião Dores, 29, Itanhaém (SP).