Decifrando Jane Jacobs: o novo curso da Escola da Cidadania
Criado para celebrar os 60 anos de lançamento da primeira edição de Death and Life of Great American Cities (Morte e Vida de Grandes Cidades), o livro mais conhecido de Jane Jacobs, o curso se dividirá em 5 encontros e traçará paralelos entre o pensamento da autora e o momento presente no Brasil.
Espera-se que, durante as aulas, a turma possa desenhar o seu próprio “mapa da mina” para descoberta da obra da jornalista relacionada aos modelos de desenvolvimento urbano, observando o olhar de cada convidade, entre os quais estarão Renato Cymbalista, Henrique Frota, Luanda Vannuchi, Roberto Andrés e Bianca Tavolari.
A seguir, conheça um pouco mais sobre cada um dos educadores:
- Renato Cymbalista: Professor livre docente da FAU/USP e professor do Mestrado em Cidades Inteligentes e Sustentáveis da UNINOVE. Integra o Laboratório para Outros Urbanismos e o Conselho Administrativo da Casa do Povo, organizou o livro “Situando Jane Jacobs” editado pela Annablume.
- Henrique Frota: Mestre em Direito do Estado pela PUC/SP. Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente pela UFC. Atualmente é Coordenador Executivo do Instituto Pólis e Assessor da Plataforma Global pelo Direito à Cidade.
- Luanda Vannuchi: Doutora em Planejamento Urbano e Regional pela FAU USP. Mestre em Estudos Urbanos pela Universidade Livre de Bruxelas (VUB). Graduada em Geografia pela Universidade de São Paulo.
- Roberto Andrés: Urbanista. Professor da UFMG. Doutorando na USP. É pesquisador visitante no Urban Democracy Lab, da New York University. Foi um dos fundadores da Revista Piseagrama e é colaborador da Revista Piauí.
- Bianca Tavolari: Doutora e mestre em Direito pela Universidade de São Paulo. Professora do Insper (SP) e professora visitante da Universidade de St. Gallen (Suíça). Pesquisadora do CEBRAP, coordena a seção “As cidades e as coisas” na revista Quatro Cinco Um.
Mas quem foi Jane Jacobs, afinal?
Nascida em um pequeno povoado da Pensilvânia em 1916, Jacobs mudou-se ainda jovem para Nova York, a cidade mais populosa dos Estados Unidos. Foi na grande e movimentada metrópole que nasceu o interesse da ativista por questões urbanas, tornando-a a primeira voz em oposição à indiferença do urbanismo autoritário e desumanizado.
Foi no bairro de Greenwich Village, em Manhattan, que a jornalista construiu sua família ao lado do arquiteto Robert Hyde. À época, ela não previa que precisaria salvar a região de um projeto de modernização e marginalização de populações vulneráveis. Seus esforços para barrar esse processo a levaram à prisão durante uma manifestação em 1968 e, depois de uma intensa campanha de mobilização social, os planos que previam a remoção de cortiços para criação de uma via expressa foram abandonados.
Durante toda a sua vida de ativismo, Jacobs defendia que as políticas de planejamento urbano eram incompatíveis com a realidade observada nas cidades, sendo assim, ela destacava a importância da experiência local para orientar e desenvolver a comunidade. A escritora também apontava para um modelo econômico local que fosse baseado na promoção de pequenos negócios, impulsionando os empreendedores urbanos.
Sem diploma universitário ou formação específica, a jornalista entendia as cidades como espaços vivos e dinâmicos que mudam conforme a interação humana. Crítica ao progresso e modernização impostos de cima para baixo, ela tornou-se uma grande referência por meio de sua capacidade de observação e experiência pessoal. Hoje, 15 anos após a sua morte, seus pensamentos ainda seguem em relevância.
Morte e Vida de Grandes Cidades, o livro mais celebrado da autora.
Nesta obra, Jane Jacobs crítica a perspectiva dos planejadores urbanos da década de 1950, argumentando que suas ideias desconsideravam a experiência humana, uma vez que as cidades eram projetadas para automóveis ou outros aspectos funcionais, desprezando por completo a vida urbana.
“Escreverei principalmente sobre coisas comuns e cotidianas, como, por exemplo, que tipo de ruas são seguras e quais não são; por que certos parques são maravilhosos e outros são armadilhas que levam ao vício e à morte; por que certos cortiços continuam sendo cortiços e outros se recuperam mesmo diante de empecilhos financeiros e governamentais; o que faz o centro urbano deslocar-se; o que é – se é que existe – um bairro, e que função – se é que há alguma – desempenham os bairros nas grandes cidades. Resumindo, escreverei sobre o funcionamento das cidades na prática, porque essa é a única maneira de saber que princípios de planejamento e que iniciativas de reurbanização conseguem promover a vitalidade socioeconômica nas cidades e quais práticas e princípios a inviabilizam”, escreveu a autora em seu livro.
Se interessou e quer saber mais sobre a perspectiva de Jane Jacobs? Faça a sua inscrição!
O curso é aberto a qualquer pessoa interessada, não havendo pré-requisitos, nem exigências mínimas para acompanhar as aulas. Os encontros ocorrerão ao longo de cinco semanas, sempre às quartas-feiras das 19h às 21h. Para inscrever-se clique aqui.
Tendo em vista a missão da Escola da Cidadania, oferecemos isenção na inscrição para até 10 participantes de movimentos populares, coletivos e organizações da sociedade civil. Para solicitar isenção, preencha este formulário.